terça-feira, 23 de outubro de 2007

Talvez Não...

O homem entrou no café e sentou-se num canto, junto ao balcão. Pediu um café e meia Macieira. Não com gelo nem essas modernices com que se tenta recuperar o tempo perdido, criando modas, como todas, artificiais: o brande bebe-se quente. Olhou em volta. Nem um rosto familiar. Estranhou. Inquietou-se. Acendeu o cachimbo, fumou vagarosamente, com um olho no jornal e outro na porta. Desesperou. Pagou, levantou-se, não necessariamente por esta ordem, e saiu. Estacou na ombreira e olhou em volta. Estava no café errado.

O homem voltou, então, a entrar no café e, afinal, estava lá tudo: o vago vapor etílico dos destilados de mosto, o cheiro a papel de jornal, a café e a tabaco, os amigos de sempre e as conversas do costume. Sentou-se de novo, despejou o tabaco ardido no cinzeiro, levemente, voltou a acender o cachimbo.

Talvez a verdade esteja na perfeição matemática dos círculos e nas circunferências, nas rectas e nos rectângulos e na aridez inexpressiva e sem data.

Talvez seja só falta de ideias… e a gente, assim como assim, adapta-se a tudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Avisam-se todos os nossos clientes que a tabuleta onde se lê RESERVADO O DIREITO DE ADMISSÃO tem uma função meramente decorativa. Neste café pratica-se a liberdade de expressão, absoluta até certo ponto. Qual ponto? É o que falta saber.