segunda-feira, 22 de outubro de 2007

— Ainda o Apanhamos!

— Ainda o apanhamos!

— Ainda o apanhamos!

De novo a lanterna deslizou e fugiu. Então, para apanhar o TUG, os dois amigos romperam a correr desesperadamente pela Rampa da Devesa e pelo Aterro, sob a primeira claridade do luar que subia.


O meu amigo disse-me aí deus, que a minha apresentação era uma boa treta, estás para aí com rodeios, um linguadozito cheio de parágrafos, uma escrita telegráfica para encobrir a incapacidade de articular um texto narrativo coerente e com um mínimo de informação e gramática. Ouve Pedro, não te metas nesses comércios, tu és um de Leitões e antes de seres vimaranense és um homem, capicci. E abriu uma garrafa de vinho.

Entardecia. Pedro Nine (deve pronunciar-se Naine) gostava de mandar estas frases, antes se seres vimaranense és um homem, e outras do género, umas melhores que outras, esta não estava má.

E então eu disse: - Lá no café, discutia-se os 5 desafios para Guimarães, um tema que merece reflexão não achas, estou mesmo tentado a escrever sobre o assunto. Pio Nine levantou-se e veio ter comigo, a sua mão direita poisou muito digna no meu ombro, Pedro, Pedro ouve o que te digo, se vais escrever sobre essas merdas nunca mais ponho cá os pés, já matei por muito menos (aqui matar é figura de estilo), o menino Pedro não vê qualquer inconveniente em participar na patuscada geral, em entrar alegremente na onda de psitacose colectiva que atacou o burgo, opina-se, cita-se, ele é referências monográficas e fervilhantes erudições, e o tamanho e os extras, se a Alameda fica mais ou menos tunada, e as árvores se rapa, tira deixa ou põe, que no passado teve e depois deixou de ter, ou vice versa, capacita-te querido amigo, neste jogo rien ne va plus e tu nem sequer apostaste.

Bateram à porta, era a filha da Nelinha com uma dúzia de bolinhos de bacalhau para o menino Pedro, quentinhos. Dois prodígios, os bolinhos e a filha da Nelinha. Agradeci com honestidade e retribuí com uma compota de cogumelos com trufas cuja receita aprendera na minha estadia em Sundsvall. Quando a filha da Nelinha saiu fiquei na dúvida se aquela compota tinha sido boa ideia. Logo se verá. Neste entretanto Pio Nine continuava, apanhei-o quando dizia: - e depois hummmm aquela arquitectura de catálogo, igual igual ikea ikea, tão pequenóburguesa… oh, antes aquela coisa futurista daquele cromo teu amigo, o fetichista, o Aldo Nim, e deu um arroto, tinha terminado.

- Mas então o que fazer, perguntei, dando de barato a minha concordância ao seu manifesto.

- Nada, respondeu, vezes nada igual a zero que é o que vais ter no fim da partida.

- Vamos passar ao lado destes desafios, protestei suavemente.

- Já passámos meu caro, já passámos, respondeu Pio Nine avaliando o efeito da tirada, era o seu estilo.

Não respondi, estava noutra, talvez um ponch no café Toural melhorasse esta ansiedade, ver como param as modas.

(continua, ou não ou oh não…).

2 comentários:

  1. Mau, mau, maria!

    Com que então, o fetichista sou eu?
    Essa mania de cuspir para o ar e depois arrotar não costuma dar bom resultado. Ainda acabas engasgado com o que cospes, ò noves-fora-nada...

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  2. Aldo, meu parnasiano amigo, tu sabes que eu sei o que ambos sabemos (acho que ouvi isto em qualquer lado). Vemo-nos no Toural.

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Avisam-se todos os nossos clientes que a tabuleta onde se lê RESERVADO O DIREITO DE ADMISSÃO tem uma função meramente decorativa. Neste café pratica-se a liberdade de expressão, absoluta até certo ponto. Qual ponto? É o que falta saber.