— Ainda o apanhamos!
— Ainda o apanhamos!
De novo a lanterna deslizou e fugiu. Então, para apanhar o TUG, os dois amigos romperam a correr desesperadamente pela Rampa da Devesa e pelo Aterro, sob a primeira claridade do luar que subia.
O meu amigo disse-me aí deus, que a minha apresentação era uma boa treta, estás para aí com rodeios, um linguadozito cheio de parágrafos, uma escrita telegráfica para encobrir a incapacidade de articular um texto narrativo coerente e com um mínimo de informação e gramática. Ouve Pedro, não te metas nesses comércios, tu és um de Leitões e antes de seres vimaranense és um homem, capicci. E abriu uma garrafa de vinho.
Entardecia. Pedro Nine (deve pronunciar-se Naine) gostava de mandar estas frases, antes se seres vimaranense és um homem, e outras do género, umas melhores que outras, esta não estava má.
E então eu disse: - Lá no café, discutia-se os 5 desafios para Guimarães, um tema que merece reflexão não achas, estou mesmo tentado a escrever sobre o assunto. Pio Nine levantou-se e veio ter comigo, a sua mão direita poisou muito digna no meu ombro, Pedro, Pedro ouve o que te digo, se vais escrever sobre essas merdas nunca mais ponho cá os pés, já matei por muito menos (aqui matar é figura de estilo), o menino Pedro não vê qualquer inconveniente em participar na patuscada geral, em entrar alegremente na onda de psitacose colectiva que atacou o burgo, opina-se, cita-se, ele é referências monográficas e fervilhantes erudições, e o tamanho e os extras, se a Alameda fica mais ou menos tunada, e as árvores se rapa, tira deixa ou põe, que no passado teve e depois deixou de ter, ou vice versa, capacita-te querido amigo, neste jogo rien ne va plus e tu nem sequer apostaste.
Bateram à porta, era a filha da Nelinha com uma dúzia de bolinhos de bacalhau para o menino Pedro, quentinhos. Dois prodígios, os bolinhos e a filha da Nelinha. Agradeci com honestidade e retribuí com uma compota de cogumelos com trufas cuja receita aprendera na minha estadia em Sundsvall. Quando a filha da Nelinha saiu fiquei na dúvida se aquela compota tinha sido boa ideia. Logo se verá. Neste entretanto Pio Nine continuava, apanhei-o quando dizia: - e depois hummmm aquela arquitectura de catálogo, igual igual ikea ikea, tão pequenóburguesa… oh, antes aquela coisa futurista daquele cromo teu amigo, o fetichista, o Aldo Nim, e deu um arroto, tinha terminado.
- Mas então o que fazer, perguntei, dando de barato a minha concordância ao seu manifesto.
- Nada, respondeu, vezes nada igual a zero que é o que vais ter no fim da partida.
- Vamos passar ao lado destes desafios, protestei suavemente.
- Já passámos meu caro, já passámos, respondeu Pio Nine avaliando o efeito da tirada, era o seu estilo.
Não respondi, estava noutra, talvez um ponch no café Toural melhorasse esta ansiedade, ver como param as modas.
— Ainda o apanhamos!
De novo a lanterna deslizou e fugiu. Então, para apanhar o TUG, os dois amigos romperam a correr desesperadamente pela Rampa da Devesa e pelo Aterro, sob a primeira claridade do luar que subia.
O meu amigo disse-me aí deus, que a minha apresentação era uma boa treta, estás para aí com rodeios, um linguadozito cheio de parágrafos, uma escrita telegráfica para encobrir a incapacidade de articular um texto narrativo coerente e com um mínimo de informação e gramática. Ouve Pedro, não te metas nesses comércios, tu és um de Leitões e antes de seres vimaranense és um homem, capicci. E abriu uma garrafa de vinho.
Entardecia. Pedro Nine (deve pronunciar-se Naine) gostava de mandar estas frases, antes se seres vimaranense és um homem, e outras do género, umas melhores que outras, esta não estava má.
E então eu disse: - Lá no café, discutia-se os 5 desafios para Guimarães, um tema que merece reflexão não achas, estou mesmo tentado a escrever sobre o assunto. Pio Nine levantou-se e veio ter comigo, a sua mão direita poisou muito digna no meu ombro, Pedro, Pedro ouve o que te digo, se vais escrever sobre essas merdas nunca mais ponho cá os pés, já matei por muito menos (aqui matar é figura de estilo), o menino Pedro não vê qualquer inconveniente em participar na patuscada geral, em entrar alegremente na onda de psitacose colectiva que atacou o burgo, opina-se, cita-se, ele é referências monográficas e fervilhantes erudições, e o tamanho e os extras, se a Alameda fica mais ou menos tunada, e as árvores se rapa, tira deixa ou põe, que no passado teve e depois deixou de ter, ou vice versa, capacita-te querido amigo, neste jogo rien ne va plus e tu nem sequer apostaste.
Bateram à porta, era a filha da Nelinha com uma dúzia de bolinhos de bacalhau para o menino Pedro, quentinhos. Dois prodígios, os bolinhos e a filha da Nelinha. Agradeci com honestidade e retribuí com uma compota de cogumelos com trufas cuja receita aprendera na minha estadia em Sundsvall. Quando a filha da Nelinha saiu fiquei na dúvida se aquela compota tinha sido boa ideia. Logo se verá. Neste entretanto Pio Nine continuava, apanhei-o quando dizia: - e depois hummmm aquela arquitectura de catálogo, igual igual ikea ikea, tão pequenóburguesa… oh, antes aquela coisa futurista daquele cromo teu amigo, o fetichista, o Aldo Nim, e deu um arroto, tinha terminado.
- Mas então o que fazer, perguntei, dando de barato a minha concordância ao seu manifesto.
- Nada, respondeu, vezes nada igual a zero que é o que vais ter no fim da partida.
- Vamos passar ao lado destes desafios, protestei suavemente.
- Já passámos meu caro, já passámos, respondeu Pio Nine avaliando o efeito da tirada, era o seu estilo.
Não respondi, estava noutra, talvez um ponch no café Toural melhorasse esta ansiedade, ver como param as modas.
(continua, ou não ou oh não…).
Mau, mau, maria!
ResponderExcluirCom que então, o fetichista sou eu?
Essa mania de cuspir para o ar e depois arrotar não costuma dar bom resultado. Ainda acabas engasgado com o que cospes, ò noves-fora-nada...
Aldo, meu parnasiano amigo, tu sabes que eu sei o que ambos sabemos (acho que ouvi isto em qualquer lado). Vemo-nos no Toural.
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