sábado, 20 de outubro de 2007

Sinais dos Tempos

Há muito que ouço dizer que na blogosfera se escreve para o umbigo. Como o meu umbigo é cego, surdo e analfabeto de nascença, achava que escrever num blogue, além de não ter graça, era pura perda de tempo. Só decidi ajuntar-me a esta gente depois ter vencido preconceitos e mudado de ideias, por ter começado a perceber, por um par de sinais, que isto poderá, afinal, ter um alcance um pouco para lá do depósito de cotão que temos na barriga. Aqui vão dois (sinais):

Primeiro sinal

Aqui há tempos, à evidência da constatação de que “só falta mesmo o mar para Guimarães ter tudo”, em certo blogue, que hoje não é mais do que uma má (porque acabou) memória, avançou-se com uma proposta arrojada para se trazer um braço do Atlântico até terras de Guimarães, redesenhando a foz do Ave. Guimarães passaria a ter uma frente marítima com um porto de mar, uma marginal e, até - la cerise sur le gâteau - um bairro de pescadores. Ideia tão luminosa e visionária foi, lamentavelmente, desde logo classificada como uma quimera, uma utopia ou, simplesmente, uma tontice.

Dois anos são passados e já vemos a Câmara apresentar publicamente, com alguma pompa e muita circunstância, com ares de coelho acabado de tirar da cartola, uma cópia (descarada, embora pífia e desambiciosa) da ideia que, originalmente, foi apresentada aqui (vi-me à nora para apanhar o link*), propondo-se criar, na Veiga de Creixomil, uma frente lacustre.

Segundo sinal

Já lá vai mais de um ano, num outro blogue, também já defuntinho, a propósito do sistema de áudio-guias do Centro Histórico, que nos custou muitos euros e que quase ninguém utiliza, por ser caro e pouco prático, foi sugerido o óbvio: que as gravações fossem disponibilizadas na Internet, para que cada um as utilizasse como muito bem entendesse. Tardou, mas foi ouvido: já se anuncia que os tais ficheiros vão ser colocados na net, para cada um "fazer o trajecto como quiser, onde quiser e com quem quiser".

Dois sinais, duas lições

Primeira lição: afinal, pode valer a pena esperar - podemos ser lentos, mas acabamos por chegar lá.

Segunda lição: ainda havemos de ter um jardim subterrâneo no Toural.

*Já que não publicam o livro, os gajos bem podiam deixar-nos continuar a ler os textos do 4800Guimarães.

3 comentários:

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