segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O Meu Domingo

Ontem quando acordei sentia-me algo cansado. Tinha tido uma noite alucinante numa discoteca da Povoa de Lanhoso. Acordei completamente nu, apenas coberto por um capote alentejano. Ao lado da cama tinha um balde de gelo com um dedo mindinho (humano) cortado e cuidadosamente mergulhado no gelo que, em parte, já se encontrava a modos que derretido. Até aqui tudo bem. Livrei-me daquela tralha toda e decidi ir tomar o meu pequeno-almoço e ver as notícias. Queria estar a par de tudo o que se passa neste Mundo horrível em que vivemos.

Ao ligar o televisor reparei que não conseguia ouvir nada. Barafustei com o electrodoméstico (espero que as tvs se insiram nesta categoria) e decidi ligar a telefonia. Ao ligar o aparelho apercebi-me que também não conseguia ouvir nada…Comecei a ficar preocupado com o silêncio sepulcral que se fazia sentir. Só podia haver uma explicação para o que estava a acontecer: eu estava surdo!

Saí de casa rapidamente em direcção à clínica mais próxima. Pelas ruas, pejadas de gente vinda de todas as partes do concelho, senti-me como a primeira personagem de um filme mudo vimaranense. Mudo ou surdo? Mudo ou surdo? Filme mudo ou filme surdo? – perguntava-me eu, enquanto corria esbafodido pela cidade fora.

Ao chegar à clínica dirigi-me à recepção onde fui recebido com um sorriso que tinha tanto de mudo (ou de surdo?) como de cínico…Vi que havia ali uma dose de conspiração, ou de filme mudo de ficção cíentifica/terror (daqueles em que ou outros são os maus e eu sou o bom). Corri dali para fora o mais depressa que pude. O medo apoderava-se de mim. Nas estradas que eu atravessava a correr os carros, sem que eu os ouvisse, buzinavam e tudo me soava, sem que eu ouvisse, a loucura.

Procurei refúgio nestes pedaços de campo que ainda teimam em esconder-se dentro da cidade. Perto do novo Mercado, ao saltar um muro caí na fresca relva de um campo e desmaiei. Acordei com uma cabra a comer um pedaço de salsa que me saía do meu ouvido direito. Constatei que tinha um raminho de salsa enfiado no meu ouvido esquerdo. Após o retirar reparei que ouvia perfeitamente.

Foi um Domingo diferente o meu. Fui para casa, aproveitei a salsa e ao almoço fiz um bacalhau à Braz. Ao jantar aproveitei a cabra, que por uma questão de gratidão tinha adoptado, e fiz uma chanfana.

Boa Semana!

5 comentários:

  1. Moral da história:
    hoje em dia, é preciso ter muito cuidado com aquilo que se fuma.

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  2. Moral da história II:
    a chanfana, feita de véspera, ainda é melhor. Vamos a ela?

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  3. Caro Marado,

    Refuto as suas insinuações, nunca fumei salsa na minha vida!!

    Passe Bem,

    Olaf Oleiros

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  4. Caro Aldo Nim,

    Neste fim de semana falei ao nosso mui estimado Jean-Paul Voreira na hipotese de fazermos um jantar, já que de cafés anda o mundo cheio (e eu só estou nesta coisa dos blogs por causa das jantaradas). Contudo soube que muito provavelmente Sua Senhoria Guy Marais não se vai quedar por Guymarais este fim de semanda...Por isso lá se vai a chanfana...

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  5. Lamento muito. Já salivava pela sua chanfana de cabra, imaginando-a afogada em vinho tinto e forneada num genuíno caçoilo de barro preto, um primor de mãos e barro, saído da roda de um famoso paneleiro do Olho Marinho, lá para as partes de Óbidos. O Guy Marais ainda mas paga!

    (A propósito, o Marais anda a fugir de quê?)

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