terça-feira, 23 de outubro de 2007

Denúncia

Como de costume, aconchegado o bacalhau, fui pelo digestivo, um café de saco e um bagaço, do especial, o da garrafa do canto. Estava eu a contar as moscas e, quando já tinha contado duas, ou dezanove, ou nenhuma, começou a ramalhar no meu ouvido de tísico, que é o que fica do lado esquerdo, a conversa dos dois comparsas que fungavam por entre dentes na mesa ao lado. Se bem reparei, eu até os conheço, que já os terei visto um par de vezes lá para as bandas de Santa Clara. Se calhar, trabalham por lá, embora conste que, ali, não há quem trabalhe. O segredo que contavam, se era segredo, vai deixar de o ser, porque eu não sou de guardar estas coisas só para mim. Falavam eles nos projectos, os tais, os cinco para que Guimarães nunca mais volte a ser o que já foi, que estão em discussão pública, esperando-se que da discussão se faça luz num par, ou cinco, cabeças, já de si muito luminosas. E percebi dos seus cochichos que, muito à puridade, pela calada, que primeiro há-de ser para os amigos – inusitado seria se o não fosse (quem atrás vier, há-de fechar a porta, se a não encontrar fechada) –, já se preparam para começar a aceitar pré-inscrições para os postos de amarração da futura marina da Veiga de Creixomil.

Um comentário:

  1. UMa marina em Creixomil? Boa! E alguém me sabe dizer se o rio Selho vai também ser objecto de intervenção, para assegurar a navegação até ao mar? É que eu estou muito interessado em ter a minha caravela mais ao pé da porta, mas não quero deixar de navegar no Atlântico.

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