domingo, 28 de outubro de 2007

Última Hora: Guimarães Sitiada

Hoje madruguei. E, ainda por cima, é domingo.

É o que faz mudar a hora. Sou contra. Fica uma pessoa sem saber a quantas anda durante uns dias, o que não é nada bom para a saúde. Resolvi vir para a cidade, tirar retratos aos vimaranenses (algum dia se há-de corrigir uma das maiores injustiças de todos os tempos, e eu quero estar preparado para esse dia).

Em chegando ao Toural, encontrei a cidade sitiada. Eram polícias, muitos polícias, daqueles que assustam só de olhar para eles. Ainda nem tinha conseguido esfregar os olhos, que ficaram baços de espanto, e já dois amáveis matarruanos, com as caras tapadas por passa-montanhas que só deixavam ver os olhos, me advertiam de que, fotografias, nem pensar (não havia necessidade do aviso: eu só queria fotografar vimaranenses e aqueles senhores, que nem cara tinham, não tinham cara de gente de cá).

Fiquei em pulgas, fervendo de excitação. Estava em curso, sem dúvida, no mínimo, uma operação anti-terrorista. E já estava a ver os noticiários internacionais a abrirem com imagens da nossa cidade. Guimarães, na rota do terrorismo internacional. Excelente propaganda, pensei cá para mim (já imaginava um brilhante slogan da Zona de Turismo de Guimarães, em que se exploraria a proximidade fonética das palavras terrorismo e turismo).

Parece que me enganei.

No quiosque onde fui comprar uma caixa de fósforos (não pelos fósforos, mas para ouvir o que se dizia, porque não conheço fonte de notícias mais segura do que o sítio por onde aparecem todos os jornais), percebi que se tratava de uma operação da ASAE.

Afinal, os tipos eram da ASAE. Haverá notícia mais desinteressante?

Segundo o que apurei junto da minha fonte (que não devia ser suspeita, porque não vi por lá nenhum daqueles polícias), todo aquele aparato tinha a ver com uma rusga a um talho clandestino que vendia carne importada da América do Sul, ali para a Avenida D. Afonso Henriques, muito discreto, escondido atrás de vidros fumados e sem nenhuma indicação na porta (excepto um autocolante do Halls Mentho-Lyptus, que sempre me pareceu muito suspeito).

Ora bolas. Uma reles operação da ASAE.

Guimarães merece mais, muito mais!

Um comentário:

  1. Oh, sorte madrasta! O que vai ser de nós? Onde é que eu vamos pela alcatra, pela fraldinha, pela picanha e maminha para os nossos espetos?

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