domingo, 29 de novembro de 2009

Ao Banho!

Dizem que é assim a justiça em Portugal. Tarda, mas, às vezes, não falha. Tardaram mais de um ano a reagir, mas, hoje mesmo, os nicolinos, no dia pinheiral, vão a juízo para deliberarem sobre a atitude a adoptar “quanto à Tertúlia Nicolina e quanto aos seus membros em face do registo da marca Nicolinas”. Cumpre-nos recordar que a tradição nicolina manda que aos infractores seja infligida a pena máxima estatutária: banho forçado no chafariz do Toural.

sábado, 28 de novembro de 2009

Alguém Viu Por Aí Um Comissário?


Reconheço. Sofro de hipocondria. Sofro dessa e de todas as demais doenças que andam por aí, com excepção da hidropisia das criadas de servir. É por isso que tenho andado ausente. Desde que se começou a falar na gripe suína-mexicana-a-h1n1, fiquei apreensivo e, assim que pude, vazei. Jurei para mim que esta não me ia apanhar. Fui para o meio do monte. No deserto, fiz-me anacoreta. E, à falta de que fazer neste meu retiro, tem-me dado para pensar e para ler coisas velhas e ressequidas. Estou a preparar um tratado sobre este nosso modo de ser lusitano, tão entusiástico, voluntarioso e imaginativo na hora de pensar em fazer projectos e tão rápido em esquecê-los na hora em que deveriam acontecer. O redemoinho dos meus pensamentos, trouxe à superfície a lembrança do regozijo, do entusiasmo e, até mesmo, da excitação com que recebemos a notícia de que, vá-se lá perceber porquê, tínhamos sido bafejados com a Capital Europeia da Cultura de 2012. Fomos brilhantes no torvelinho de atirar ideias para o ar. Discutimos o que parecia mais urgente, a escolha de quem iria protagonizar tamanha empreitada: O Senhor Comissário. Pusemo-nos todos à procura de uma figura para conduzir a CEC. Houve quem fizesse sondagens, traçaram-se perfis, estabeleceram-se prazos, houve mesmo quem tivesse suficiente golpe de asa para encontrar o génio que nos deveria guiar. Haveria de ser uma figura de grande projecção na cultura pátria, com dimensão internacional, de preferência com ligações a Guimarães. Procurava-se um catalisador para o entusiasmo e para as energias dos vimaranenses. Já se passaram mais de três anos. Consta-me que já foram apresentados uns nomes, dos quais só me lembro do de Jorge Sampaio (que, ao que percebi, ocupará na estrutura da CEC uma posição a modos que a fugir para o decorativa). Se já existe o tal comissário, o grande timoneiro deste empreendimento, confesso que não dei por isso. E do que vou vendo daqui, deste meu recesso profiláctico, nada vejo que me arrebate, que me entusiasme ou, sequer, que me anime.

domingo, 18 de outubro de 2009

Guimarheinz?

Acabo de ouvir dizer aqui no café que alguém terá dito algures que há tempos outro alguém terá sugerido que, por causa da Capital Europeia da Cultura, Guimarães deveria mudar o seu nome para outro mais fácil de pronunciar pelos bárbaros da Europa. Fiquei pasmado, atónito e boquiaberto. Confesso que quase me exaltei e que, praticamente, me enfureci perante a simples menção de propósito assim sacrílego. Mas, depois, empurrado pela minha natureza hesitante e maleável, pus-me a pensar. Porque não? Se, para se internacionalizar, o Durão deixou de ser Durão, Guimarães, que vai ser a capital da Europa, também podia reciclar o seu nome por causa da dificuldade de certas gentes em dobrarem a língua. Mas, por mais voltas que dê ao miolo, não consigo descobrir qual poderia ser o novo nome para Guimarães. E se se abrisse um concurso de ideias?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Missão Cumprida

João de Deus Rogado Salvador Pinheiro dá por cumprida a tarefa a que se propôs ao encabeçar a lista laranja do distrito de Braga nas últimas eleições legislativas, depois de concretizar um feito histórico: atirar o PSD distrital para o seu pior resultado eleitoral em quase 30 anos. Parece que houve quem acreditasse que ele foi a votos para servir a nação como deputado. Ele há gente muito ingénua!

Afinal, Havia Escutas no Palácio de Belém...

sábado, 10 de outubro de 2009

Pescando em Águas Turvas

Já podemos voltar a beber água da torneira, garante o Sr. Presidente da Vimágua. Fico descansado. Só é pena só ter sabido que a água esteve imprópria para consumo no momento em que se anuncia que já se pode beber outra vez. Entretanto, bebi. É para isso que nós todos pagamos, nas contas da água, os serviços de uma empresa de assessoria de imprensa: para só nos dar boas notícias.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O Paradoxo dos Votos Trocados

Vou por aí fora e vejo o nosso presidente de há vinte anos, com um sorriso de todos os dentes, a anunciar: “Voto Seguro”. E ponho-me a cogitar se o homem se terá baralhado nas eleições: votar no Seguro era nas outras, nas que já foram. Fico com a sensação de que aquilo poderá ser um sinal aproximação de fim de prazo de validade, a pedir mudança. Vou circulando e descobrindo, com mal contido espanto, que muitos senhores do partido do nosso presidente de há vinte anos já dizem para acreditar na mudança e que até fazem apelos ao voto na força da mudança. Não percebo, mas vou circulando. Pelas esquinas da cidade, vou vendo cartazes socialistas com uns rapazes que me intimam a confiar na mudança. Junto ao estádio, lá está de novo o nosso presidente de há vinte anos, que tantos socialistas querem mudar, a sorrir-me e a repetir “Voto Seguro”. E é nessa altura que me deparo, mesmo ali ao lado, com alguém que me interpela, num cartaz do PSD: “Mudar para quê?”.

Isto anda mesmo muito esquisito.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Manicómio Que Acreditava Ser Um País


Nosso Senhor de Belém tem medo da própria sombra e enxerga espectros atrás de todas as portas.

Nosso Senhor de S. Bento tem dupla personalidade, com um lado de animal feroz e outro de bicho manso.

Entre a paranóia e a esquizofrenia, este país mais parece uma casa de malucos.

Estamos bem entregues.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Das Votações, com uma Intensa Inatenção sem Intenção


Mensagem hoje recebida no Café Toural:

"Desculpem o abuso. Mas só para informar que o Arrastão está a fazer um inquérito às intensões de voto nas próximas autárquicas em 38 concelhos. Guimarães é um deles. Se quiserem ajudar a divulgar... Obrigado."

Aqui fica a divulgassão.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

69 Sinecuras

Ao ler as explicações do nosso bravo alcaide, quando questionado sobre o (des)propositado anúncio do nome do futuro titular do cargo de director do futuro Centro Ciência Viva de Guimarães, na figura de certo candidato a Presidente de Junta, durante o acto de apresentação da respectiva candidatura, fico certo de que o actual senhor de Santa Clara terá por igualmente capazes e competentes todos os candidatos a Presidentes de Junta do seu Partido, pelo que se aguarda para os próximos dias o anúncio de mais 68 lugares “à maneira”, para que todos eles se possam considerar devidamente enaltecidos.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Política Local Contada Às Criancinhas…


…ou a arte de falar sem dizer nada em duzentas e cinquenta palavras.

No tempo em que o Eng.º Sócrates mandou asfixiar democraticamente a sua mandatária para a juventude, Carolina Aparta-me-o-Caroço, ouvir falar o respectivo homólogo da candidatura do Eng.º Vítor Ferreira à CMG é um regalo para os ouvidos e um mais que perfeito hino à liberdade de expressão. A ele, não há quem o cale. E fala assim, sem espinhas:

“Então, na política, à semelhança das outras ciências sociais e humanas, a ruptura é a única forma de progresso. A mudança, a alteração, o melhoramento é a única forma de progredirmos, de seguirmos em frente. É isto que se passa em Guimarães. A Câmara Municipal, neste momento, acabou o seu tempo de vida. É altura de inovar, é altura de trazer novas ideias, é altura de repensar a cidade de outra forma, com outros olhos. Desta forma, o PSD, com o seu candidato, engenheiro Vítor Ferreira, traz à cidade novas ideias, traz à cidade, novos conceitos, novas personalidades e novos valores. A cidade, vista pelo engenheiro Vítor Ferreira, será uma cidade renovada, uma cidade em evolução, uma cidade que se irá renovando. É desta forma que eu apoio impreterivelmente a candidatura do doutor Vítor Ferreira e aceitei a nomeação para o cargo de mandatário da juventude na medida em que acho que o doutor Vítor Ferreira tem as medidas que premeiam de uma forma mais efectiva e de uma forma mais profunda os jovens. Desta forma são tanto premiados os jovens que têm as oportunidades, como aqueles que, devido a problemas sócio-económicos, não as têm. Desta forma, penso que se os vimaranenses forem espertos, souberem pensar e neste caso, muito especificamente, a juventude vimaranense, se a juventude olhar para Guimarães com o ímpeto que lhes é característico, irá ver no doutor Vítor Ferreira a solução, a alternativa. A alternativa certa para termos uma Câmara mais forte, uma Câmara melhor.”


Em aqui chegado, fico sem palavras e com uma certeza: este rapaz vai longe!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Chistes À Moda De Viseu

O Castelo de Guimarães em versão viseense. Fotografia gentilmente surripiada daqui.

1. Já não lhes bastava dizerem que Afonso Henriques nasceu lá. Agora dizem que nasceu lá e na Alcáçova (!) do Castelo (!) de Viseu. E eu, que já vi muitos castelos, mas que não sabia que havia um em Viseu, pergunto: qual alcáçova? qual castelo? Em resposta, mostram-me uma réplica do castelo de… Guimarães. São muito imaginativos e originais estes viseenses, são ou não são?

2. Segundo o comissário dos festejos viseenses a Afonso Henriques, no congresso que organizou, “todos os conferencistas foram unânimes ao concluir que D. Afonso Henriques nasceu aqui (…) à excepção de um participante”. Afinal, além da descoberta de que Afonso Henriques tinha nascido na novíssima alcáçova do Castelo de Viseu, em Viseu também se descobrem novos significados para as palavras: todos já não significa ‘a totalidade’ e unânimes deixou de significar ‘relativo a todos’. Porque ‘todos’, para o doutíssimo comissário, mesmo não sendo de todo todos, nem de todo unânimes, tem o significado de ‘todos unânimes’. Ou até mais do que todos, quem sabe?

domingo, 20 de setembro de 2009

O Sillygate

Guimarães, 24 de Junho de 2009. O destemido Presidente Cavaco (à esquerda, com as mãos no boné) mergulha no meio de uma multidão onde pontificavam alguns malfeitores. À esquerda, de cabelos brancos, atrás da D. Maria, um dos muitos agentes de segurança que o acompanharam naquele mergulho, num aparato dissuasor de qualquer atentado de terroristas de palmo e meio.

Andam espiões por Belém. O inimigo invisível está à espreita e à escuta. Agentes ao serviço de S. Bento andam infiltrados nas viagens do Sr. Presidente. Nas comezainas de Estado, sentam-se em lugares estratégicos e ficam de orelhas em riste, à escuta de segredos de Estado que se deixam escapar entre a fria vichyssoise e as calóricas trouxas-de-ovos. Nos momentos mortos de uma visita presidencial à Madeira, os desaforados espiões chegaram mesmo a trocar receitas de poncha e de peixe-espada com os jornalistas insulares. O clima de suspeição começa a tornar-se insustentável, ameaçando a convivência institucional. Entretanto, a guerra fria lusitana já chegou ao imparcial, independente e muito objectivo jornal Público, cujo director, enquanto gritava “aqui d’el-rei que o SIS nos anda a profanar os e-mails”, tratava de vasculhar o correio dos jornalistas e do próprio provedor dos leitores daquela folha. Aos que falam em paranóia securitária e dizem que Cavaco anda a sonhar com fantasmas, responde-se que com a segurança da República não se brinca. O senhor presidente tem medo, muito medo. Até já vê as melgas como espiões electrónicos. Tem pânico da própria sombra. Acredita em bruxas (que las ay, las ay) e manda fazer esconjuros e enviar recados ao José Manuel Fernandes. Sabe-se agora que esteve iminente um lamentável atentado, perpetrado a soldo de uma potência estrangeira outrora conhecida por Cavaquistão, cujos sicários se preparavam para raptar o senhor Presidente antes da sua intervenção na cerimónia dos 900 anos de Afonso Henriques em Guimarães, no último 24 de Junho. Os meliantes desistiram dos seus intentos por força das rigorosíssimas medidas de segurança que então foram tomadas, e que alguns ousaram, injustamente, classificar de desproporcionadas, delirantes e, até mesmo, hilariantes.

sábado, 19 de setembro de 2009

A Laranja Partida

Pessoalmente sou absolutamente contra a regionalização”, disse há tempos Manuela Ferreira Leite, Presidente do PSD, que acrescentou que não será sob a sua liderança que o partido será conduzido “nessa aventura”.

A Regionalização é o caminho que nos resta”, disse o cabeça de lista do PSD à Câmara Municipal de Guimarães.

E assim, os laranjas vimaranenses estão hoje perante um dilema aflitivo e dilacerante: ou seguem pelo único “caminho que resta”, e despacham a Presidente do Partido, ou não se metem “nessa aventura”, e despacham para Vizela o seu cabeça de lista à Câmara Municipal de Guimarães. Ora, aí é que a porca torce o rabo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Um Tacho É Um Tacho. Vários Tachos São Um Trem de Cozinha.

Com a crise por aí esparramada, com tanta falta de empregos, acumular dos ditos deveria ser, além de pecado, proibido. É por isso que, ao ler esta notícia, a minha consciência social, que anda deveras sensível e compassiva, fica em estado de choque. O rapaz, que já é director, vai ser bidirector, e ainda aspira a ser, cumulativamente, presidente da junta. Não será carga a mais para uma pessoa só?

O meu entendimento fica baralhado, confuso e, até mesmo, perplexo, por não perceber quem anunciou o novo emprego, se o Presidente da Câmara, se o candidato socialista à dita. Seja como forma de reconhecimento da competência do anunciado director e do respectivo perfil para o exercício de tais funções (que não ouso pôr em dúvida, até porque não conheço a personagem), seja como prémio da fidelidade partidária, a coisa cheira-me a esturro. Com tantos jovens promissores por aí aos caídos, carregados de canudos, licenciaturas, mestrados, doutoramentos, e até mesmo, vejam lá!, certificados das Novas Oportunidades, custa a engolir que, na hora de dar empregos, os escolhidos sejam sempre os mesmos e que continue a prevalecer o cartão partidário. Concursos públicos? O que é lá isso, senhorias?

[Confesso que não percebi o que pretendeu o nosso alcaide/candidato ao fazer tal anúncio na cerimónia de apresentação da candidatura a presidente de junta do actual director e futuro bidirector. Há ali qualquer coisa de subliminar que me escapa. Porque, das duas uma, ou não vale a pena votar naquele candidato a presidente da junta, porque ele, por força dos seus múltiplos afazeres, não há-de ter tempo para se dedicar a matérias paroquiais, ou então, lá onde ele é e onde ele vai ser director, não se faz nada, sobejando tempo livre para o exercício das funções de regedor de S. Paio.]

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sra. Professora, Aquele Menino Está a Copiar...


Sabe o que é que o Bloco de Esquerda e o CDS têm em comum em Guimarães? As propostas.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Tão arrependidos que eles estão...


Estes dois? Ai as sondagens devem andar lindas, devem...

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

CEC 0,2012

Já atiraram algumas pedras às vidraças do Café Toural, por ainda mantermos afixado o dístico com o contador da parede da direita, ao alto, onde se diz que ainda nada que se visse aconteceu na Capital Europeia da Cultura de 2012, apesar dos sucessivos anúncios que proclamam que agora "é que vai ser". Ainda a 14 de Julho foi feita a apresentação pública da dita cuja. Na altura, foram apresentados, em modo minimalista, mas com pompa e circunstância, os órgãos da Fundação Cidade de Guimarães, estrutura criada para gerir a CEC. Afinal, na altura não havia Fundação nenhuma, já que só hoje, 28 de Agosto de 2009, foi publicado o decreto que a institui. Faltam dois anos e 4 meses para 2012. Continuamos, mais anúncio, menos anúncio, no tempo dos anúncios. No quilómetro zero. Zero de conhecimento, zero de informação, zero de partilha, zero de envolvimento dos cidadãos e alguma propaganda. É pouco, não é?

PS: Voltei a passar os olhos pelo site da CEC2012. Continua indigente e triste. Sobre a CEC propriamente dita, nada de novo. Apenas uma mudança curiosa: a fotografia da única malta que parece ter motivos para sorrir com este processo, até há dias omnipresente, desapareceu misteriosamente. E eu, que sou curioso, gostava de saber porquê.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Eles Riem-se de Quê?

A imagem acima foi colhida no site confidencial da CEC2012(*), onde aparece em todo o lado. Olhando com atenção, nota-se que falta lá algo. Falta Guimarães.

(*) O site, além de confidencial, é mal esgalhado. Sem nenhuma ideia luminosa, pouco criativo, nada estimulante, sem um lampejo de imaginação, redondo (vai-se sempre dar ao mesmo sítio, onde os links "ver mais" significam "ver exactamente o mesmo") e povoado de ligações para lado nenhum. E pobre, pobrezinho, de uma pobreza franciscana. Além de começarmos tarde, não começámos nada bem.(**)(***)
(**) A ligação para Maribor 2012 está lá para quê? Para nos provocar azia?
(***) O vídeo que mostra o "espectáculo multimédia" que serviu de anúncio para a CEC2012 demonstra como o evento poderia ter sido interessante se tivesse durado 43 segundos. Esticado para uma hora, foi uma seca de bom tamanho.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O Bicho

Com a devida vénia e respeitosos salamaleques, passamos a citar, directamente de Viseu:

- Mãe, não quero ir para ali... tenho medo daquele bicho!
- Oh. filho não é um bicho! É o nosso primeiro Rei e nasceu cá em Viseu!

Fonte: aqui

Efeito Secundário

Ontem vi passar a Marcha Gualteriana.

Hoje estou deprimido. Muito deprimido.

Não sei explicar porquê, mas tenho a impressão de que uma coisa tem a ver com a outra.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Monstrengo, Partes I e II

O Afonso Henriques I do supermercado Modelo, perdão, de Viseu.

Por esta imagem se demonstra que o Afonso Henriques I de Viseu é uma caricatura em versão escarro do monumento da, para o Ruas das Pedradas, inominável Guimarães.

Assim como assim, de corridinho e de afogadilho, Viseu vai construindo a sua dimensão de pátria repentina e postiça de Afonso Henriques. Na precipitação da correria para recuperar em curtos meses o atraso de nove séculos, esmerando-se por chegar onde outros já chegaram há muito, vai encontrando no frenesim da imitação remédio para a febre provocada pela urgência. Em Guimarães fizeram um Congresso Histórico dedicado a Afonso Henriques? Viseu também vai ter um, e é já a seguir. Não há tempo para organizar o congresso como deve ser? Não há problema, decalca-se o programa do de Guimarães. Os vimaranenses erigiram um monumento a Afonso Henriques? Viseu não ficará atrás, também terá o seu monumento, e é para já, mas, como os tempos são outros, mais modernos, mais contemporâneos e, até mesmo, mais cosmopolitas, manda às malvas a subscrição pública e vai comprá-lo ao supermercado. Em lá chegando, procura onde fica a secção dos monumentos (é já ali, senhor, ao fundo daquele corredor, logo a seguir ao papel higiénico), e dá-se pressa, para chegar antes que esgotem, porque estão em promoção, com desconto de 50%. Ainda teve que se descabelar, arrepelar e esgadanhar com uma matrona pitosga que confundia os Afonsos Henriques com presuntos de Chaves, mas lá conseguiu apanhar um par deles. E eis agora Viseu, leva dois e paga um, toda satisfeitinha com os seus monumentos a Afonso Henriques.

O D. Afonso Henriques II de Viseu (em cima) e o seu modelo (em baixo)


[As fotografias dos monstros afonsinos de Viseu foram carinhosamente surripiadas daqui.]

quarta-feira, 29 de julho de 2009

E A Procissão Ainda Nem Chegou Ao Adro


"Something Is Rotten in the State of Denmark."

William Shakespeare, Hamlet

O Homem das Cavernas de Vieira

Segundo notícias que acabam de chegar, está em vias de resolução um dos grandes mistérios da evolução da espécie humana. Acaba de ser encontrado, numa gruta de Vieira do Minho, o elo perdido: um exemplar do homem de Cro-Magnon em perfeito estado de conservação. Ouvido pela Agência Lusa, um investigador já deu conta do entusiasmo que reina entre a comunidade científica, na sequência deste achado: “A descoberta é surpreendente a todos os títulos. Se encontrar um esqueleto de um antepassado nosso com mais de alguns de séculos era praticamente uma impossibilidade, devido ao elevado teor de acidez dos solos do Minho, encontrar um exemplar do homem pré-histórico em perfeito estado de conservação, e ainda por cima vivo, nem sequer era cogitado.” O Circo Chen já se pôs em campo, tendo apresentado ao homem das cavernas uma proposta irrecusável para a temporada natalícia. Por sua vez, Luís Filipe Vieira também já está no terreno, havendo quem afiance que Cro-Magnon será o ponta-de-lança que ainda falta ao Benfica. Aguarda-se com expectativa o pronunciamento de A. Mota Prego, arqueólogo que recentemente ficou conhecido pela sua inovadora teoria acerca da profundidade das escavações arqueológicas no Toural, quando se preparavam para o esventrar.

domingo, 26 de julho de 2009

Do Peso Político

Durante boa parte do mandato autárquico que agora vai dando as últimas, o vereador Júlio Mendes acumulou peso político, tendo sido por muitos apontado como o putativo sucessor do nosso dinossáurico alcaide. Vai a ver-se, o peso era aparente, simples aerofagia: com um ligeiro sopro, saiu de cena, passando ao estado gasoso. Foi um ar que lhe deu. Entretanto, por estes dias, fizeram-se apostas, tentando adivinhar quem seria o novo Castro… ups... Júlio. Afinal, enfiam-nos o avesso do Júlio, a Arquitecta do ex-GTL. Caloira nestas andanças, o tempo se encarregará de mostrar qual o efectivo peso político da Madame, se for eleita (o que, palpita-me, não obstante a solidez da candidata, não será líquido com o lugar que lhe reservaram na lista rosa). Cá por mim, já não tenho dúvidas: garanto-vos que esta Arquitecta pesa para lá de dois Júlios.

sábado, 25 de julho de 2009

A Cidade Inominável

Relíquia viseense: a pá de Afonso Henriques

Festejar o Nascimento de D. Afonso Henriques na cidade de Viseu não impede (no entanto) que outras comemorem a Fundação da Nacionalidade, que venham a celebrar D. Afonso, pela sua tomada aos Mouros; e, pela mesma razão; e … e outras, pelas cartas de amizade e segurança que o nosso Príncipe concedeu aos seus mouros forros, em consertos de pazes e alianças.

Afonso Henriques pode ser comemorado em Viseu, Lisboa, Sintra, Coimbra, Leiria, Santarém, Ourique, Almada, Palmela, Alcácer do Sal. Para o Sr. Ruas das Pedradas, Guimarães é a outra, a cidade que não se pode nomear. Ficamos a saber.

Também ficamos a sabe que o Afonso Henriques de Viseu, afinal, não era o rei. Era um sapateiro, um remendão, um Zé da Sovela, ou, muito provavelmente, um trolha que fazia consertos às pazadas.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Poder de Antecipação


[Para ler melhor, carregar no nariz do senhor]
Afinal, aquilo não é só para sortear funerais ou para propagar o fedor de uma máquina absurda e mal-cheirosa. Ali também se faz jornalismo de investigação, do mais genuino, com um extraordinário poder de antecipação. Vejam o exemplo da notícia que vai aí acima. Poderá dizer-se que saiu cedo demais. Mas, ao que sussurram no Café Toural fontes geralmente bem informadas, o anúncio era verdadeiro, mas extemporâneo. Consta que será preciso que se completem quatro anos, um mês e três dias para que se confirme. Ou não.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O Pu

Afinal, o fundo era ainda mais abaixo. Grau zero. Abaixo de cão. Menos do que um traque.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ganhou? Tem 90 Dias Para Morrer.

Bem sei que isto tem andado um bocado morto, não precisam de repetir. O problema é que, a precisar de férias, nos sentimos impotentes para competir com concorrência assim tamanha.

[Pelos vistos a coisa está preta para todos, até para as rádios e para as agências funerárias - se calhar, já ninguém morre, porque os funerais estão pela hora da morte, perdoem-me o trocadilho - mas a coisa tresanda de sórdida e fede de mau gosto.]

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Viseu Quer Afonso


Xenhor Prejidente da Câmara Munixipal de Vijeu,

Escrevo-lhe porque ando xubstancialmente confuja. Depois que xe lembraram de dijer que o noxo Viriato afinal não era noxo, e que nem xequer terá posto os cotos em Vijeu, eu fiquei tão dejanimada, porque a minha avó Franxisca xempre dije que nós falávamos axim, com esta noxa pronúnxia tão xibilante e graxioja, por xermos desxendentes do grande guerreiro dos Lujitanos, que xó me voltei a animar quando o xenhor prejidente Ruas veio dijer que o Afonxo Henriques nasxeu em Vixeu, e que íamos ter festa de arromba, e que até ia levantar uma estátua ao Afonxo, e dar o nome do Afonxo a uma rua, e fajer um congrexo sobre o Afonxo, e eu até penxei, cá para mim, que foi-xe o Viriato, mas não xe perdeu grande coisa, que vinha-xe o Afonxo, o noxo primeiro xoberano, e ficávamos a ganhar, porque ele até tinha uma espada muito maior do que a do falexido Viriato, mas agora ouxo os de Guimarães a dijerem que o nasximento do Afonxo em Vijeu é uma história da carochinha, e que a gente anda para aqui a pôr-xe em bicos de pés, aos xaltinhos, para chamar a atenxão, mas que o Afonxo é deles, que toda a gente o xave e até o outro Prejidente, aquele que é mais prejidente do que o Xenhor Prejidente, o xenhor Xilva, vai lá axima ajudar à festa que vão fajer ao Afonxo, e eu comexo a ficar acabrunhada, porque estou a ver que deixaram o Viriato ir-xe, xem que o Afonxo xe viexe e agora nós ficámos xem pau nem bola e com eles a gojarem-nos à tripa forra, mas o que mais me entristexe, xenhor prejidente, é xaber que, afinal, o Afonxo Henriques não falava axim, com este noxo xotaque tão límpido e harmoniojo, ixo é que me dói.

Vixênxia Xampaio

domingo, 31 de maio de 2009

Gepeto & Pinóquio: O Reencontro


"Obrigado, querido amigo" - Vital Moreira a José Sócrates, Braga, 30 de Maio de 2005

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Procura-se Cabeça

Partido em expansão e com forte presença no espaço mediático nacional procura desesperadamente cabeça de lista para candidatura à Câmara Municipal de Guimarães. Dá preferência a alguém ex-qualquer coisa que se posicione algures entre a social-democracia e a esquerda caviar. Deve ser bem-falante, mas não precisa de ter ideias próprias, uma vez que ao escolhido será facultado um pacote de frases feitas e de sound bytes prontos a usar. Pode ser de qualquer género, desde que se afirme praticante ou adepto de sexualidades coloridas e alternativas, dos casamentos unicolor e do consumo de drogas leves. Caso não preencha as condições pretendidas, não deixe de responder a este anúncio: em desespero de causa, qualquer um serve. Resposta urgente para: Francisco Louçã & Associados, filial de Guimarães, Rua da Saudade – Creixomil.

Coitada da Senhora!

Não se pode vilipendiar desta forma a Sr.a Professora, Honoré. Afinal, ela recebe instruções de superiores que escrevem bem pior. Sim, isto piora, quando se sobe na hierarquia, bastará ler o Diário da República.
Quanto ao famoso Magalhães, das duas uma: ou ninguém do ministério da educação se deu ao trabalho de ler e aprovar os conteúdos de um instrumento pedagógico (o que, convenhamos, é muito grave) ou, então, estamos mesmo entregues à bicharada, senão vejamos (dispenso-me de sublinhar as bacoradas, por demasiado evidentes):

«Aqui fica uma lista (não exaustiva) das "pérolas" com que o "Magalhães" tem presenteado as nossas crianças.

* "Cada automóvel só pode mover horizontalmente ou verticalmente. Tu deves ganhar espaço para permitir ao carro vermelho de sair pelo portão à direita."

* "O Tux escondeu algumas coisas. Encontra-las na boa ordem."

* "Carrega nos elementos até pensares que encontras-te a boa resposta. (...) Nos níveis mais baixos, o Tux indica-te onde encontras-te uma boa cor marcando o elemento com um ponto preto. Podes utilizar o botão direito do rato para mudar as cores no sentido contrario."

O festival de asneiras do "Magalhães"


* "Dirije o guindaste e copía o modelo."

* "Abaixo da grua, vai achar quatro setas que te permitem de mexer os elementos."

* "O objectivo do quebra-cabeças é de entrar cifres entre 1 e 9 em cada quadrado da grelha, frequentemente grelhas de 9x9 que contéem grelhas de 3x3 (chamadas 'zonas'), começando com alguns números já metidos (os 'dados'). Cada linha, coluna, e zona só pode ter uma vez um símbolo ou cifre igual." (nota: instruções para o jogo sudoku)

* "Carrega em qualquer elemento que tem uma zona livre ao lado dele. Ele vai ir para ela."

* "Enfia a bola no buraco preto á direita."

* "Com o teclado, escreve o número de pontos que vês nos dados que caêm."

* "O objectivo do jogo é de capturar mais sementes do que o adversário. (...) Se os jogadores se acordam no facto que o jogo está num ciclo sem fim, cada jogador captura as sementes do seu lado."

* "Ao princípio do jogo 4 sementes são metidas em cada casa. O jogadores movem as sementes por vês. A cada torno, um jogador escolhe uma das 6 casas que controla. (...) Se a última semente também fês um total de 2 ou 3 numa casa do adversário, as sementes também são capturadas, e assim de seguida. No entanto, se um movimento permite de capturar todas as sementes do adversário, a captura é anulada (...). Este interdito é ligado a uma ideia mais geral, os jogadores devem sempre permitir ao adversário de continuar a jogar."

* "Aceder ás actividades de descoberta."

* "Pega as imagens na esquerda e mete-las nos pontos vermelhos."

* "Carrega e puxa os elementos para organizar a historia."

(nota: "historia" é repetidamente escrito sem acento)

* "Saber contar básicamente."

* "Move os elementos da esquerda para o bom sitio na tabela de entrada dupla."

* "Puxa e Larga as peças no bom sitio."

(nota: "sitio" nunca é escrito com acento)

* "Com o teclado, escreve o número de pontos que vês nos dados que caêm."

* "Primeiro, organiza bem os elementos para poder contar-los (...)."

* "Carrega no chapéu para o abrires ou fechares. Debaixo do chapéu, quantas estrelas consegues ver a moverem? Conta attentamente. Carrega na zona em baixo à direita para meter a tua resposta."

* "Treina a subtracção com um jogo giro. Saber mover o rato, ler números e subtrair-los até 10 para o primeiro nível."

* "Quando acabas-te, carrega no botão OK ou na tecla Entrada."

* "Conta quantos elementos estão debaixo do chapéu mágico depois que alguns tenham saído."

* "Olha para o mágico, ele indica quantas estrelas estão debaixo do seu chapéu mágico. Depois, carrega no chapéu para o abrir. Algumas estrelas fogem. Carrega outra vês no chapéu para o fechares. Deves contar quantas ainda estão debaixo do chapéu."

* "Lê as instruções que te dão a zona em que está o número a adivinhar. Escreve o número na caixa azul em cima. Tux diz-te se o número é maior ou mais pequeno. Escreve então outro número. A distância entre o Tux e a saída à direita representa quanto longe estás do bom número. Se o Tux estiver acima ou abaixo da saída, quer dizer que o teu número é superior ou inferior ao bom número."

* "Tens a certeza que queres saír?"

* "Aprende a escrever texto num processador. Este processador é especial em que obriga o uso de estilos (...)"

* "Neste processador podes escrever o texto que quiseres, gravar-lo e continuar-lo mais tarde. Podes estilizar o teu texto utilizando os botões à esquerda. Os quatro primeiros permitem a escolha do estilo da linha em que está o cursor. Os 2 outros com múltiplas escolhas permitem de escolher tipos de documentos e temas coloridos pré-definidos."

* "Envia a bola nas redes"

* "É preciso saber manipular e carregar nos botões do rato fácilmente."

* "O objectivo é só de descobrir como se podem criar desenhos bonitos com formas básicas (...)."

* "O objectivo é de fabricar um forma dada com sete peças."

* "Quando o tangram for dito frequentemente ser antigo, sua existência foi somente verificada em 1800."

(nota: explicação do tangram, um quebra-cabeças tradicional chinês)

* "Mexe as peças puxando-las. Carrega o botão direito nelas para as virar. Selecciona uma peça e roda à volta dela para a rodar. Quando a peça pedida estiver feita, o computador vai reconhecer-la (...)."

* "Reproduz na zona vazia a mesma torre que a que está na direita."

* "Reproduzir a torre na direita no espaço vazio na esquerda."

* "Puxa e Larga uma peça por vês, de uma pilha a outra, para reproduzir a torre na direita no espaço vazio na esquerda."

O festival de asneiras do "Magalhães"


* "Move a pilha inteira para o bico direito, um disco de cada vês."(nota: as quatro últimas frases são as instruções dos jogos "Torres de Hanoi" e Torres de Hanoi simplificadas" - "Hanoi" sem acento no "o")

* "Torno dos brancos"

(nota: a vez de jogar das peças brancas num jogo de xadrez)

* "Joga o joga de estratégia Oware contra o Tux."


Para este jogo é preciso ter cérebro

As instruções de cada jogo no ambiente de trabalho Linux do "Magalhães" estão organizadas em três tipos de informação: "objectivo" (o propósito daquele jogo), "manual" (a forma de jogar - por exemplo, quais as teclas e como fazer cada acção) e "necessário" (os requisitos para poder jogar).

Clicando em "necessário" encontramos indicações tão diversas como "bom controlo do rato", "utilização do teclado", "ler as horas" ou "saber contar". Mas nas instruções do "Jogo de Bolas" ficamos a saber que, para essa actividade, é "necessário: cérebro".»

Este texto reproduz parcialmente o artigo de Filipe Santos Costa, para o Expresso, que podem ler na íntegra, aqui.

Há uma terceira hipótese: nem a ideia e o computador são novidade, nem o software respectivo, sendo que este foi traduzido com recurso a uma das muitas páginas de tradução gratuita que estão disponíveis online. Outro exemplo feliz de uma página do Ministério da Educação, é este, atentem na primeira frase... Que miséria, não é?