Mais do que um mero exercício de sátira e crítica social, as Danças Nicolinas assumem-se, ano após ano, como um género de humor próprio, distinto dos seus semelhantes. É, claramente, um género de humor vimaranense - como o há inglês- com laivos de incontida grandiosidade, tal como a cidade onde é feito, a roçar a brejeirice sem nunca lhe tocar "de boca cheia" como Herman, mais cínico que a cócózinha Revista à Lisboeta, às vezes cru e bruto como o granito, outras vezes leve e delicado como a vinha. Algo sempre quase no vértice do rebentamento, do descambanço. Pena, claro, que não haja mais focos de produção deste tipo de humor para que o epíteto dado na segunda frase deste texto, a negrito e em itálico, fizesse sentido plenamente.
Ontem, ao descer a Avenida, cortado pela leve névoa, sorria ainda com a mestria do que acabara de ver. Como em Bartleby, vociferava, imperceptivelmente entre dentes, Ah Guimarães! Ah Humanidade!
Ontem, ao descer a Avenida, cortado pela leve névoa, sorria ainda com a mestria do que acabara de ver. Como em Bartleby, vociferava, imperceptivelmente entre dentes, Ah Guimarães! Ah Humanidade!
Pela parte que - indizível privilégio - me toca na produção da "coisa", deixo aqui o meu humilde agradecimento.
ResponderExcluirMais agradeço a todos os meus colegas e amigos, dos quais quero destacar, aqui, sobre todos, este ano, o José Ribeiro (Afonso) e o Francisco Ribeiro (Camareiro) que, depois de terem assistido ao doloroso funeral do seu pai, Sr. Jesualdo, ilustre vimaranense, insígne nicolino e um indefectível das Danças, na tarde do dia anterior, responderam à chamada com um simples: "o nosso pai até nos dava 4 chapadas se o não fizessemos". Mal posso adivinhar o que lhes vai lá dentro.
Um abraço, do tamanho do coração gigante deles!
Estava eu a rir-me às bandeiras despregadas com o corrupio de alarvidades pranteadas por gente tão ilustre, quando fiquei como que paralisada. Um súbito rubor subiu-me ao fácies. Senti-me atordoada, convulsa, enlevada e embevecida perante o que só podia ser a visão de um anjo. Subi ao céu ao divisar a sua figura vigorosa, sensual e varonil. Confesso que me senti percorrida por um tremor resvaladiço, abeirando perigosamente o frémito lascivo. Um Apolo em tamanho maneirinho. Como estava belo, qual Encoberto, qual D. Sebastião em cuecas, o grande causídico com as suas soberbas pernocas.
ResponderExcluirPS: Do coração, um xi, para o Zé e para o Xico. Foram grandes, mesmo com a dor que lhes roía a alma, disseram presente, como sempre. E ainda há quem tenha dúvidas do que seja a alma Nicolina.
Nem sei bem se agradeça... É certamente apenas bondade e engano dos seus olhos, minha querida, mas fico muito feliz que se tenha divertido, é esse o maior objectivo de tão libertadora performance!
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