segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Moisés-Mirim e a Entorse

Moisés (Moshe para os idumeus) era um hebreu barbudo, criado na corte dos faraós do Egipto, que, certo dia, se retirou para o Monte Sinai, para meditar. Aí, julgou-se insuflado por uma revelação, que lhe terá insinuado que deveria conduzir o seu povo à Terra Prometida. Juntou o rebanho dos hebreus ciosos de regressarem à Palestina, e lá foi, rumo a Canaã. Andou, andou, andou. Andou perdido pelo deserto durante quarenta anos. Morreu, já velhinho, sem chegar ao destino. Conta-se que, na hora da morte, terá dito: “perdoai-me, se vos fiz errar no deserto, mas a culpa foi da entorse”. O sentido destas palavras permaneceu um mistério que atravessou trinta e três séculos ou mais. Até hoje, dia em que Moisés, mais nanico do que o representou Michelangelo Buonarroti, mas redivivo na virescência das suas barbas proféticas, no seu cirandar vão pelo deserto, rumo à reitoria prometida, mas nunca alcançada, explicou que a entorse milenar tinha sido a criação do curso de Geografia no pólo de Azurém da Universidade do Minho. E, aprontando-se para o conduzir para a Canaã prometida, ergueu o dedo e apontou na direcção da terra inominável que fica a seguir à Morreira.

Esta é uma parábola onde se demonstra que os de Guimarães são gente tranquila, pacífica e tolerante, já que, até ao momento, não há nenhum indício de que Moisés se tenha retirado com uma entorse no pescoço.

15 comentários:

  1. Mas sabes o que é que o Moisés disse na tal sessão? Ou estarás a falar de cor?

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  2. Se calhar, estou a falar de cor:

    - disse que a criação do curso de Geografia em Guimarães foi uma entorse porque a Universidade foi obrigada a desenvolver o projecto fora de Gualtar;

    - disse que foi para servir interesse que a Geografia foi criada no pólo de Guimarães;
    - disse que o curso de Geografia se fragiliza por os cursos de Ciências Sociais estarem mais centrados em Braga.

    Ou seja: segundo se depreende do que disse o douto Moisés, em Guimarães não devia haver cursos da área das Ciências das Ciências Sociais.

    Ou estarei a falar de cor?

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  3. Não deves estar ou ele até já te tinha respondido... :)

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  4. Sim, mas se os cursos de ciências sociais estão todos centrados em Braga, que sentido faz um curso de Geografia, sozinho, em Guimarães? Isso não fará dele uma coisa um bocadinho coxa?

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  5. Será que lá por te rires passas a ter razão? Será que lá por te torceres te tornas mais fino e aos teus argumentos? Áh, riso amarelo ...

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  6. Ao anónimo das 0:50,

    Tendo a dar-lhe razão: pode não fazer muito sentido haver um só curso de Ciências Sociais no campus de Azurém. Acredito que seja tempo de travar uma tendência que se tem acentuado nos últimos anos e da Universidade começar a pensar em investir com mais equilíbrio entre Braga e Guimarães. O que faria, muito possivelmente, com que o curso de Geografia passasse a estar acompanhado, com mais cursos de Ciências Sociais, por exemplo.

    Ao anónimo das 0:52
    Os seus argumentos são tão finos, tão finos, tão finos, de uma finura tão fina que escapam à minha percepção.

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  7. E que tal fazer duas universidades? Uma em Braga e e outra em Guimarães?

    Não, finura não é o teu forte.

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  8. Pois não, não é lá muito o meu forte, quando a finura é a dos elefantes em lojas de porcelana. Quem não percebeu a delicadeza da teia com que a Universidade foi construída, nomeadamente compreendendo, assumindo e gerindo os equilíbrios, sempre instáveis mas certamente desafiantes, entre os seus dois pólos, não percebeu nada (e não tem, até por isso, obviamente, perfil para ser Presidente de Escola, e muito menos para aspirar à reitoria). E a Universidade do Minho só é o que é, com todas as suas virtudes e defeitos, é porque se fez assim. Quanto às duas Universidades, não é hipótese que não tenha sido equacinada, tanto quanto sei. Mas pergunto: quem ficava a ganhar? Braga? Guimarães? A UM é que não ficava, com toda a certeza.

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  9. E pelos vistos não percebes que a lógica do teu pensamento leva, exactamente, à criação de duas universidade.

    Não, o teu forte não é a finura.

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  10. Pois, mas foi com esta lópgica que a Universidade se fez, tão fino senhor.

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  11. Adenda: se a lógica for outra, então os cursos de engenharia que estão em Braga deveriam ir para a Escola de Engenharia, em Guimarães. Se é essa a lógica de vossas finezas, a coisa, se calhar, pode-se conversar...

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  12. Claro. Mas isto é um jogo de futebol ou quê! Veja lá se afina o raciocínio, veja lá. Ou será que o riso lh tirou o siso?

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  13. Tenho que lhe dar razão. Mas o problema é o siso (ou, mais propriamente, a falta dele em quem se julga muito assisado), não o riso. Cá por mim, que há muito perdi o siso, fico-me pelo riso.

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  14. A indigência mental (acompanhada de não se fazer ideia de com quem se está a falar, mas presumir-se que se sabe mais do que o interlocutor) dá nisto, caro Aldo.
    Exercer direito à opinião, em Portugal, ainda é muito complicado.

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