domingo, 11 de novembro de 2007

Deslouvor e Apologia das Torres

Duas torres? Para que precisa Guimarães de torres, e logo duas? Não nos bastam já as do Castelo e a do Hotel Fundador? Deu-lhes agora para as grandezas? Além de Capital Europeia da Cultura, Guimarães também se vai candidatar a capital mundial do novo-riquismo? Não têm mais que fazer ao nosso dinheiro?

Perguntas como estas andam no ar, desde o dia para sempre inesquecível em que se anunciaram os 5 projectos para Guimarães. Muitas objecções ouvi eu às duas torres à beira parque de lazer da Veiga de Creixomil. Dei-lhes razão. Definitivamente, acho mal: Guimarães não precisa de duas torres plantadas entre as vacas, os milheirais e as águas que escorrem serenas, límpidas e sussurantes, do rio de Couros. Fazem-nos tanta falta como um parque de estacionamento subterrâneo no Toural.

Porém, como sou curioso e faço gosto em fundamentar as minhas opiniões, fui ler a proposta, onde fiquei a saber que o que se propõe é a edificação de duas torres balizadoras do grande acontecimento urbanístico (…) que se constituem como símbolo das novas centralidades e do momento histórico. Não estou seguro de ter percebido, mas acho bem. Aquilo só pode ter saído da mente iluminada e irisdicente de um visionário futurista e, porventura, pós-moderno. A Guimarães fazem falta grandes acontecimentos urbanísticos (para pequeno, já nos basta o Centro Histórico), onde floresçam símbolos de novas centralidades e do momento histórico. É Guimarães, de next big thing, que o rato do Jean-Paul Voreira anunciou.

Todavia, quando passei à parte das figurinhas do projecto, vi isto:

Veiga de Creixomil, com as Torres Balizadoras
(Para ampliar, toque no chão)

Confesso a minha desilusão, perante pequenez tamanha. Afinal, são duas mini-torres, à imagem do mini-metro e do mini-oceano que nos andam a prometer como coisas grandiosas (há quem diga que megalómanas, mas eu não chego a tanto). Acho mal. Se vamos ter torres, que sejam o espelho da nossa grandeza e que façam roer de inveja toda a Europa. A uma capital europeia, como Guimarães vai ser, não tarda nada, fica bem um par de torres, desde que sejam torres e que não nos envergonhem ao lado da Taipei 101, das Petronas Towers ou da Jim Mao Tower. Torres que façam esquecer as malogradas Twin Towers do WTC e que olhem lá do alto para o Triumph-Palace moscovita. Se vamos ter torres, que sejam à imagem dos nossos pergaminhos, da nossa história, da nossa grandiosidade e da nossa, com o perdão da palavra, virilidade. Guimarães merece ter as mães de todas as torres, que, enquanto tais, também podem servir para perpetuar o nome da primeira construtora de torres desta nossa terra centenária e, até mesmo, ouso dizê-lo, milenar.

Senhoras e Senhores de Santa Clara, o que Guimarães precisa é que deixem de pensar pequenino, que sejam ousados e que tratem de construir as Mumadonas Towers. Ei-las:

Veiga de Creixomil, com as Mumadonas Towers
(
Para ampliar, toque no céu)

6 comentários:

  1. Eu sou a favor das torres,os homens de negócios querem-se lá no alto, o que virá após as torres?

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  2. Os bloggers de Guimarães vão encontrar-se para discutir os cinco projectos para a cidade apresentados em finais de Setembro pela autarquia. Entendemos que este debate deve ser tanto mais alargado quanto possível. E a blogosfera é um instrumento importante desse processo – pela facilidade de acesso e divulgação de informações e opiniões.
    O encontro informal de bloggers tem lugar no próximo dia 1 de Dezembro, sábado, às 21h30, na Casa Medieval da Praça de S.Tiago, sede do Gabinete de Imprensa de Guimarães.

    Para o debate estão convidados todos todos quantos constituem a comunidade blogger vimaranense.

    Mais informações nos blogues:
    matermatuta.blogspot.com
    colinasagrada.blogspot.com
    zineocio.blogspot.com

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  3. lol. muito bom. Ja tentei propor coisas de grande envergadura por Cabeceiras mas chamaram.me lunático. Haverá banquinho para mim na vossa mesa?

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  4. Abanque-se e amesende-se, homem. Por aqui o café é do melhor, da Casa Christina. Um pouco de Pimenta também vem a calhar. Aqui ninguém lhe chamará lunático (o que não quer dizer que não o brindem com impropérios bem mais ajustados).

    Mande novas das profundezas do Minho.

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