Hoje acordei com um torcicolo obstinado. Não consigo virar o pescoço para a esquerda, muito menos para a direita. Nem, sequer, ò má fortuna, me é permitido colar os olhos no chão. Nem, ao menos, erros meus, sou capaz de olhar em frente e seguir caminho.
Pois é: hoje levantei-me de nariz empinado, com os olhos fixos lá nas alturas. E dei comigo a pensar: como é diferente Guimarães quando olho para ela assim.
Ia eu por aí acima às apalpadelas e aos encontrões, sem sequer ver onde pisava, mas sem abandonar a minha pose altiva e, até mesmo, ligeiramente emproada (-que c***lho, não vê por onde vai, homem de Deus?), a olhar para os telhados, para as mansardas e para as clarabóias vimaranenses, quando, de repente, tive uma visão rara e insólita.
Vi um porco.
Lá em cima, pairando sobre os telhados, avistei um porco que carrega uma cruz. O que ele faz ali, é para mim um imenso mistério.
Alguma alma caridosa me ajuda a decifrar os segredos que guarda o porco de S. Domingos?
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