sábado, 24 de novembro de 2007

Temos Homem!

Ainda na taberna cibernética do Fernandes, longe de casa, acabo de ler um e-mail que provocou em mim um forte abalo, que abeirou a convulsão espasmódica. Quem me escreve, diz-me que ficou sentido com algo que eu teria escrito a seu respeito. A verdade é que eu nada disse sobre a sua pessoa, nem poderia ter dito: até há momentos nem sequer sabia da sua existência. Só há pouco, depois de ter lido a caixa de comentários ao meu último escrito aqui vertido, é que, pela primeira vez, me deparei com o seu nome. O impressionante currículo que me enviou produziu em mim efeito semelhante à visão da igreja dos Santos Passos iluminada: a revelação da transcendência em toda a sua pureza e grandiosidade. Desatei a tremer, com as mãos geladas e uma zoeira nos ouvidos, entrei em tempestade cerebral. Fiquei com uma garfada de pipis ao molho de piri-piri entalada no gasganete, embrulhou-se-me o estômago, escorri suores frios, desfaleci, tardei uma eternidade a recobrar o fôlego. Vim a mim com o Fernandes a dar-me palmadas nas costas, a desapertar-me o colarinho e a despejar-me o jarro de vinho pelas goelas abaixo. Confesso que nunca vi nada assim e que o que vi ultrapassa tudo quanto poderia imaginar. Senti-me em presença de um ser único e inigualável. Estou certo de que, desde Afonso Henriques, nunca houve ninguém com tal dimensão em terras de Guimarães. Esmagado por tanta erudição, eloquência, cosmopolistismo e mundividência, não tenho dúvidas de que este homem merece um trono, um altar, um banco privativo no jardim do Toural e, até mesmo, um lugar cativo nas retretes da rua de Camões. Eis aqui um sábio, talvez mesmo um erudito, que carrega consigo uma impressionante ilustração, um imenso know-how e, ouso dizê-lo, algum savoir faire. Este homem é um portento, um estratega, um predestinado e um visionário.

Meus senhores e minhas senhoras, escusam de procurar mais. Chamem por ele, enquanto é tempo.

Chamem Olívio Chamado.

Só ele pode ser o Comissário da Capital Europeia da Cultura em 2012.


2 comentários:

  1. pelo que foi dito, contra o chamado, nem josé guimarães, nem cascavel, melhor representante da lei e da grey. contudo, alguém me pode dizer quem é o olívio?

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  2. O homem guardou silêncio. - Então, disse o rei à sua gente: Atai-lhe as mãos e os pés e lançai-o nas trevas exteriores: aí é que haverá prantos e ranger de dentes; - porquanto, muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos. (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 1 a 14.)

    Olívio Chamado, de todos os chamados, é o escolhido. O eleito. O encoberto. Aquele que há-de vir para nos guiar.

    E nada mais sei, a não ser que, além de chamado, também é mestre nas artes do escapismo, da dissimulação e da camuflagem. Ele anda por aí, a preparar-se para o dia das surpresas. Quanto ao mais, estou como vós, já que só lhe conheço um endereço de e-mail (oliviochamado@gmail.com).

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