segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Nem Riso, Nem Siso

A propósito do que escrevi aqui há uns dias, antes da minha recente viagem a Cuba do Alentejo, onde fui operado, com assinalável sucesso, a uma hérnia umbilical pelo sr. Alfredino Chaparro, distinto barbeiro cubano, recebi uns quantos mimos, muito mimosos (e outros os receberam por mim, sem terem nada a ver com o assunto e sem se darem ao trabalho de me agradecer. Ele há gente muito ingrata, lá isso há).

Dizia eu que a cena do registo da propriedade industrial das Nicolinas só podia ser piada. O Honoré, a quem, sem descobrir a careca, tiro o chapéu, demonstrou que aquele número era mesmo uma anedota. Mas houve quem não achasse graça a tal demonstração e desse parte de um mau humor carrancudo, taciturno e enfadonho, porém compreensível em quem teima em se levar demasiado a sério. Ai esses vossos fígados, meus amigos!

Assim sendo, porque das 34 classes de produtos e das 11 de serviços da famigerada “Lista de Nice” só duas estão bloqueadas pelo inopinado, porém muito original e espirituoso, registo, vou-me dedicar ao negócio das camisas nicolinas: as camisas brancas do trajo, as lisas e as de irópito (classe 25), camisas de Vénus (classe 5), que vestirão muito bem nas fálicas baquetas de S. Nicolau, e camisas-de-forças (classe 10), muito úteis para suster as compulsões de certos senhores para inúteis registos de marcas e patentes. E porque a falta de sentido de humor pode ter origem em alguma falta de chá, vou diversificar a minha carteira de negócios e lançar-me na produção das “Tisanas Nicolinas” (classe 30), à base de ranunculus sceleratus, vulgarmente conhecido por sardónia, erva que tem a virtude infalível de induzir o riso sardónico.

2 comentários:

  1. O BLOGUEIRO ANÓNIMO

    “Esta gente rasteira que escreve sem se identificar só tem arte para discutir pessoas e não ideias e princípios”


    Neste mundo global, ninguém questiona as virtualidades e as vantagens dos blogues, enquanto ferramenta multifuncional que promove uma nova forma de comunicação, uma forma de expressão completamente livre. De facto, quando o blogue é usado correctamente constitui um importante instrumento de debate público, de debate pertinente e sério, prestando um bom serviço ao exercício da Democracia.

    Mas o blogue que permite que a grande maioria dos bloguistas se refugie no anonimato não é sério, nem presta um relevante serviço à sociedade. Bem sei que o anonimato foi uma conquista para fugir à opinião massiva, para poder discordar sem ser identificado, evitando ser colocado à margem do grupo. Mas também sei que esta característica específica dos blogues, assente no anonimato, tem servido para proteger gente cobarde e mesquinha, que se refugia nesta forma de comunicar para vinganças pessoais, para ofender a honra e o bom-nome das pessoas que dão a cara e que não têm medo de pôr a assinatura em tudo o que fazem. Esta gente rasteira que se esconde por detrás do biombo do anonimato só tem arte e engenho pa-ra discutir pessoas e não ideias e princípios. A espiral de silêncio de que nos fala a socióloga Noelle Neumann é a fronteira que distingue a qualidade e a honestidade intelectual entre os blogues.

    O blogueiro anónimo é, infelizmente, também juiz. Também este, que é o rosto visível da Justiça, de uma Justiça que se quer de cara destapada e transparente, se refugia nesta forma desprezível de comunicar, torpedeando o que lê, caluniando, sem qualquer respeito e tolerância. Talvez o Conselho Superior da Magistratura devesse estar atento a alguns blogues que acompanham as questões da Justiça e que em nada dignificam o Poder Judicial.

    As ofensas anónimas estão nos antípodas da crítica construtiva, proporcional e adequada. É bom que o juiz anónimo saiba que o blogue não foge às regras do ordenamento jurídico português nem aos limites do exercício de liberdade, de manifestação e de pensamento. E é bom também que saiba que o titular do blogue é responsável, civil e criminalmente, pelos comentários injuriosos. Para cada direito criado há limites.

    Quem se esconde na caverna do silêncio e da penumbra, para ter o momento de glória quando escreve sem se identificar, demonstra fraca personalidade e não tem o mínimo de respeito e de amor pelos direitos de personalidade.


    http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=10821AF0-5097-4AC7-B181-47F8A5F06955&channelid=00000093-0000-0000-0000-000000000093

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  2. Tem uma certa graça alguém que finge ser quem não é vir aqui com esta conversa sobre o anonimato. E nós, que somos muito perguntadores, e que, a propósito do registo das Nicolinas já fizemos muitas perguntas a que ninguém respondeu, perguntamos agora: e o que é que o cu tem a ver com as calças?

    Neste blogue não há ninguém anónimo. Todos assinam com nome e todos responderão pelos seus actos, caso pisem o risco da lei. Estão registados onde o devem estar (mas com legitimidade) e tudo o que escrevem está devidamente identificado. Aqui ninguém foge “às regras do ordenamento jurídico português nem aos limites do exercício de liberdade, de manifestação e de pensamento”. Que fique bem claro: somos livres para escrever o que escrevemos e somos responsáveis por tudo quanto dizemos. Quanto a estes princípios, somos absoluta e figadalmente intolerantes.

    Nos comentários que têm aparecido por aí a propósito do notável registo das Nicolinas, o que mais temos visto são anónimos que, à falta de argumentos para contestarem a mensagem, disparam sobre os mensageiros. Tiros de pólvora seca, é certo, e, ainda por cima, com manifesta falta de pontaria.

    Tem absoluta razão, o tal Juiz Desembargador, quando afirma que “esta gente rasteira que escreve sem se identificar só tem arte para discutir pessoas e não ideias e princípios”. Esta é uma carapuça que não nos serve. Façam o favor de a enfiar.

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