domingo, 15 de março de 2009

A Cambalhota Braguesa

Não acredita? Clique na imagem.

Mão amiga trouxe cá ao Café Toural o anúncio do lançamento de um livro, na terra do senhor Arcebispo, solicitando-nos um comentário, tarefa que se revelou redundante, já que a coisa é, manifestamente, um prodigioso comentário a si própria e às mentes iluminadas que a congeminaram, em regime de co-geração.

Se o anúncio é medonho e a capa do livro é um monumento ao amadorismo e à fancaria gráfica, já o seu título, inexcedível de força poética e carregado da mais fina ironia, é um achado literário, uma anástrofe que chega a abeirar o hipérbato, praticamente uma hipálage: Em Braga foi Portugal gerado.

No ramalhete dos progenitores de tal tratado, há um paradoxo chamado Guimarães, um bravo descendente dos irredutíveis lusitanos, Viriato de sua graça, e um sucessor de Fernão Peres de Trava, um galego que responde pelo apelido de Santalha.

Uma vez que a obra contém cenas de sexo explícito, através das quais se demonstra por quem, onde, quando e em que posição foi Portugal gerado, o seu conteúdo não será recomendável a menores de 18 anos.

GLOSSÁRIO
Anástrofe – Inversão da ordem directa das palavras.
Hipálage – Atribuição a um ser ou coisa de uma qualidade ou acção logicamente pertencente a outro ser.
Hipérbato – Inversão violenta da ordem dos elementos na frase.
Ironia – Figura que sugere o contrário do que se quer dizer.
Paradoxo – Um mesmo elemento produz efeitos opostos.

Um comentário:

  1. Ceci n'est pas une hipálage: em tempos idos, tive uma Hipálage em casa. Chamava-se Hipólita.

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