domingo, 20 de setembro de 2009

O Sillygate

Guimarães, 24 de Junho de 2009. O destemido Presidente Cavaco (à esquerda, com as mãos no boné) mergulha no meio de uma multidão onde pontificavam alguns malfeitores. À esquerda, de cabelos brancos, atrás da D. Maria, um dos muitos agentes de segurança que o acompanharam naquele mergulho, num aparato dissuasor de qualquer atentado de terroristas de palmo e meio.

Andam espiões por Belém. O inimigo invisível está à espreita e à escuta. Agentes ao serviço de S. Bento andam infiltrados nas viagens do Sr. Presidente. Nas comezainas de Estado, sentam-se em lugares estratégicos e ficam de orelhas em riste, à escuta de segredos de Estado que se deixam escapar entre a fria vichyssoise e as calóricas trouxas-de-ovos. Nos momentos mortos de uma visita presidencial à Madeira, os desaforados espiões chegaram mesmo a trocar receitas de poncha e de peixe-espada com os jornalistas insulares. O clima de suspeição começa a tornar-se insustentável, ameaçando a convivência institucional. Entretanto, a guerra fria lusitana já chegou ao imparcial, independente e muito objectivo jornal Público, cujo director, enquanto gritava “aqui d’el-rei que o SIS nos anda a profanar os e-mails”, tratava de vasculhar o correio dos jornalistas e do próprio provedor dos leitores daquela folha. Aos que falam em paranóia securitária e dizem que Cavaco anda a sonhar com fantasmas, responde-se que com a segurança da República não se brinca. O senhor presidente tem medo, muito medo. Até já vê as melgas como espiões electrónicos. Tem pânico da própria sombra. Acredita em bruxas (que las ay, las ay) e manda fazer esconjuros e enviar recados ao José Manuel Fernandes. Sabe-se agora que esteve iminente um lamentável atentado, perpetrado a soldo de uma potência estrangeira outrora conhecida por Cavaquistão, cujos sicários se preparavam para raptar o senhor Presidente antes da sua intervenção na cerimónia dos 900 anos de Afonso Henriques em Guimarães, no último 24 de Junho. Os meliantes desistiram dos seus intentos por força das rigorosíssimas medidas de segurança que então foram tomadas, e que alguns ousaram, injustamente, classificar de desproporcionadas, delirantes e, até mesmo, hilariantes.

Um comentário:

  1. "Num documento cuja genuinidade ninguém contesta e que ninguém desmentiu, relata-se que um eminente assessor de Belém disse que foi a mando do próprio Presidente que tentou (e conseguiu!) vender ao "Público" a inconcebível história da "espionagem" do Governo sobre a Presidência da República (que nenhum facto veio consubstanciar).
    Ora, vários dias depois da divulgação dessa gravíssima declaração, ninguém até agora interrompeu o ruidoso silêncio de Cavaco Silva para lhe fazer esta elementar pergunta: é verdadeira a imputação do assessor?
    É o "respeitinho" ou a "asfixia democrática" que justifica a inibição dos jornalistas? Se algo de semelhante se passasse com Sócrates, quem é que duvida de que a pergunta seria feita tantas vezes quantas as necessárias para obter um esclarecimento cabal da situação?"
    Vital Moreira

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