segunda-feira, 28 de julho de 2008

Ideias de Macaco

Eu, que sou de lento perceber, já percebi há muito que o futebol é uma modalidade que se pratica com os pés e que, não raras vezes, é dirigida por gente de dúbia direitura, porém nada inocente. Ao ver o Vitória a afectar uma pose mafiosa, inspirada na iconografia da Camorra, da Cosa Nostra ou da 'Ngrangheta, com o treinador a surgir travestido de Al Capone desgrenhado e pífio, fico um tanto ou quanto confuso. E ponho-me a pensar: será que, além de jogado com os pés, o futebol é dirigido por criaturas que pensam com os chispes?

Outros fossem os tempos, e já o invertebrado que teve a luminosa ideia de campanha tão descabelada teria recebido a justa recompensa por tamanha iluminação. No mínimo, já lhe tinham feito uma barrela em pleno Toural, com direito a banho de mergulho na fonte.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Obama? Qual Obama?

Antes de desaparecer da circulação, depois de uma violenta discussão aqui no Café, que acabou com o Honoré de Balazar a proclamar, aos berros, ensandecido e terminante: "De ti, meu caro Pedro dos Leitões, já nada me surpreende". Foi-se embora a resmonear entre dentes: "Ai não? Espera aí, que eu já te digo". Nunca mais lhe pus os olhos em cima. Até que mão anónima me fez chegar uma cassete VHS com o filme que vai aí abaixo (confesso que tive alguma dificuldade em escrever estas mal traçadas linhas, porque o meu queixo atónito teimava em cair-me em cima do teclado.)


[Se começou a ver o vídeo, será melhor que o veja até ao fim.]

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O surrealismo acontece...

Foi há duas sextas-feiras, aliás, madrugadas de sábado, no dia 28.6.2008, que encontrei Olaf ao final de um evento dançante na nossa querida cidade.
Por entre os diversos vapores etílicos que ambos destilávamos, então, encetámos um monólogo em que Olaf discorreu sobre o conceito de "pátria naturalística" e outros momentos de profunda análise etimológica e exímia exegese cultural.
A páginas tantas, atirou: oh, Martinho, não tenho gostado nada das postas que andas a mandar lá no Café... Mão na consciência, se a tivesse, faço aqui o meu mui sentido mea culpa...
Tratarei de o remediar em breve, assim que termine de defecar sobre tudo o que o meu interlocutor me transmitiu nessa alvorada, entre copos de cevada maltada, previamente fermentada. Fica a promessa!
À saída um agente da autoridade, em trânsito, registou o amplexo fraternal com que, após a profunda discussão, reafirmámos o afecto, na hora da despedida:



É com amizades destas que se desconstrói o objectivismo pardacento. Bem hajas, oh de Oleiros!

domingo, 6 de julho de 2008

A Propósito dos Atrancamentos, Um Sinal Contra o Acordo Linguístico


Antigamente, o dia dos atrancamentos era na véspera do S. Pedro. Os rapazes da aldeia larapiavam tralhas de todo o género e atrancavam os caminhos com elas. Foi esta prática muito antiga a fonte de inspiração das solenes roubalheiras dos nossos nicolinos. Em tempo bem mais recente, também foi aí que foram beber os nossos imaginativos industriais de comes & bebes para introduzirem essa novíssima tradição de atrancarem a via pública, a seu bel-prazer, com mesas, cadeiras e guarda-sóis.

Ainda ontem, sábado, já no lusco-fusco do sol posto, como estava de telha, resolvi socializar com umas simpáticas e dadivosas moçoilas originárias das terras de Vera Cruz, que sociliazam generosamente no Paris, Night-Club, aberto das 14 às 4 da matina na nossa única avenida digna de ostentar o nome do primeiro rei. Descida a Avenida até meio, e apesar do adiantado da hora (Paris já devia estar aberta há pelo menos umas 7), dei com o nariz na porta. Como não sou homem para desistir perante o primeiro obstáculo, pus pés ao caminho e resolvi descer o resto da magnífica artéria, com seu plátanos frondosos, em direcção à Caldeiroa, na esperança de socializar, em perfeita lusofonia, na Tasca da Perigosa.

Ia eu a modos que mergulhado nos meus pensamentos, em profunda meditação transcendental, quando colidi, de maneira violenta, lastimável e dolorosa, com objecto até aí não identificado estacionado no passeio. O que se passou a seguir decorreu numa fracção de segundos que durou, aproximadamente, uma eternidade. Tinha acabado de esmurrar o joelho direito contra uma mesa, ali plantada com seu par de cadeirinhas, em frente à montra de uma pastelaria com nome de flor promovida a casa de pasto. Sem que tivesse tempo de dizer um ai!, senti o meu olho esquerdo vazado pela vareta do guarda-sol que protegia, sob sua copa magnífica, os eventuais utentes de mesa e cadeiras da memória dos ardores do Sol, que por ali passa de manhã. A dor, aguda e cruciante, induziu-me a pronunciar uma carreirada de expressões, no mais perfeito calão carroceiro de que sou capaz, que aqui não reproduzirei para não chocar os leitores, que sei sensíveis, mimosos e de educação esmerada. Estava eu ainda a admirar o magnífico céu negro e estrelado que se abriu à frente dos meus olhos, quando ouvi alguém aos berros, verbalizando o que eu tinha calado para poupar os leitores:

- Ai os meus colhões! Foda-se, puta que pariu, esta merda dói pra caralho!

Abri o olho direito e vi um senhor aninhado no chão, agarrado aos baixios do vente e a urrar como um boi à entrada no matadouro. Ao cair, a ponteira do guarda-sol tinha ido embater nas suas partes mais dolorosas.

Acabei a noite, mais o meu parceiro de infortúnio, nas urgências do Hospital, de onde acabo de sair com um olho à belenenses e um imenso nevoeiro no hemisfério esquerdo. Dizem os médicos que, com o tempo e umas gotas de colírio, o meu olho recuperará a plenitude da sua função. Já quanto à função das partes do outro infausto senhor, o diagnóstico foi bem mais reservado.

sábado, 5 de julho de 2008

A Minha Teoria da Conspiração ou da Cautela e dos Caldos de Galinha


Se, a certa altura, alguém se lembra de começar a espalhar por aí uns escritos canhestros onde lê, entre outras coisas que eu julgava bem piores, “O Aldo Nim é comuna”, e se, logo a seguir, se começam a erguer vozes sinistras que incitam à expulsão de Guimarães dos “cumunas”, tenho motivos de sobra para me sentir sob ameaça. Por isso, e porque não sou menos do que tu, Carolina, nem do que a viúva do Berto Maluco, nem do que a chama olímpica, acabo de requerer protecção ao Corpo de Segurança Pessoal da PSP.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Diz Que...

...há pr' aí uns marotos que são uns troca-tintas, perdão: uns troca quintas.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Desportivismo e Chávenas Voadoras

Sempre me pareceu que, quando se lhes tocava na corda do bairrismo, os nossos idolatrados vizinhos, os que deixam sempre a porta aberta, revelavam escasso sentido de humor e nenhum fair-play. Afinal, enganei-me pela metade, quanto à idiossincrasia dos bragueses: fair-play não têm, mas têm alguma queda para um humor vagamente british, a resvalar para o nonsense.

Também têm falta de chá. As chávenas é que pagam.