terça-feira, 31 de março de 2009

Quem Promete Com Pressa, Arrepende-se Com Vagar

No ano da graça de 2014, Carlos Queiroz, provavelmente o melhor treinador-adjunto do mundo, continua fiel ao que prometeu.

sábado, 28 de março de 2009

O Apagão Diminutivo

Guimarães associou-se à Hora do Planeta, apagando a luz. Era para ser um apagão, mas eu não vi nada. Pois não, direis vós, como é que podias ver, se estava tudo às escuras? Perguntais bem, mas foi ao contrário: eu não vi nada porque estava tudo* bem iluminado. Anunciou-se um apagão, saiu um apaguinho.

* Concedo: tudo, tudo, não foi bem assim. Afinal, sempre se apagou a menina dos olhos do nosso alcaide, aquela luminária ondulante e kitsch – que é o mesmo que dizer pires, mas em estrangeiro – que bordeja os panos de muralha da rua Alberto Sampaio e da curva entre o Toural e a Alameda. Faria um grande bem ao planeta apagá-la de vez, o que, além de ser um gesto de manifesto bom gosto, muito contribuiria para delimitar os “efeitos nefastos de alguns exageros que todos cometemos”, como humildemente reconhece o nosso autarca-mor.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Que Mais Irão Inventar?

Julgava que já tínhamos ouvido tudo. Já disseram que ele nasceu em Coimbra. Já disseram que nasceu em Viseu. Até já insinuaram que era abichanado. Já só faltava que dissessem que o bravo, bruto e barbiteso Afonso Henriques não os tinha no sítio. Agora já disseram.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Descubra as Diferenças

À primeira vista, assim como quem olha, sem questionar, para o que julga que sempre viu, são duas fotografias da mesma estátua. Mas não são. Atente-se aos pormenores. Por exemplo, à biqueira da bota, à posição da espada, à cor, ao fundo vegetal... Pois é: uma é o original vimaranense, a outra é a cópia lisboeta (oferecida pelas boas, generosas e magnânimas gentes de Guimarães – ainda hei-de perceber porquê...).

Agora, alguém me explica por que raio é que um jornal, aparentado, no verde de que abusa, com uma folha de couve, teve que ir a Lisboa tirar uma fotografia à cópia, para ilustrar um texto sobre o Afonso Henriques, quando tinha o original aqui à mão?

Ele há coisas que nem ao demo alembram!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Não Pense Que Não Há Crocodilos Só Porque a Água Está Calma.(*)

Há crocodilos no Douro, dizem. Pois. Devem ser lagartixas armadas ao pingarelho. Crocodilo era o das Taipas. Que será feito dele?

(*) Provérbio malaio

segunda-feira, 16 de março de 2009

Conecta-me

Estava eu a ler uma reportagem palpitante, num jornal online, sobre uma incursão filantrópica do Governador Civil do Distrito a Guimarães, onde distribuiu t-shirts pelos necessitados e outras vítimas da vaga de calor que se faz sentir na cidade berço, quando assomou ao meu monitor um ramalhete de jovens muito decorativas, que me convidavam a conectar-me, ao vivo, com elas. Aparentemente, as moçoilas são pródigas, magnânimas e generosas no que toca a darem as suas conexões. O tal jornal é o Correio do Minho e é de Braga. Só podia ser.

O Rei é Nosso

Pormenor da 1.ª página do jornal Expresso de 14 de Março de 2009

Quando, há dias, anunciei que nos tinham roubado o D. Afonso Henriques, ninguém me ligou. Mas a ladroeira continua. E a gente a ver. Andam para aí a dizer que Afonso Henriques é de Viseu. Não é. Não esse D. Afonso Henriques, que é de Guimarães porque foi comprado em subscrição pública pelos vimaranenses, que o baptizaram, em 1887, com nome de Rei Preto. É nosso. Nosso. Ouviram bem?

domingo, 15 de março de 2009

A Cambalhota Braguesa

Não acredita? Clique na imagem.

Mão amiga trouxe cá ao Café Toural o anúncio do lançamento de um livro, na terra do senhor Arcebispo, solicitando-nos um comentário, tarefa que se revelou redundante, já que a coisa é, manifestamente, um prodigioso comentário a si própria e às mentes iluminadas que a congeminaram, em regime de co-geração.

Se o anúncio é medonho e a capa do livro é um monumento ao amadorismo e à fancaria gráfica, já o seu título, inexcedível de força poética e carregado da mais fina ironia, é um achado literário, uma anástrofe que chega a abeirar o hipérbato, praticamente uma hipálage: Em Braga foi Portugal gerado.

No ramalhete dos progenitores de tal tratado, há um paradoxo chamado Guimarães, um bravo descendente dos irredutíveis lusitanos, Viriato de sua graça, e um sucessor de Fernão Peres de Trava, um galego que responde pelo apelido de Santalha.

Uma vez que a obra contém cenas de sexo explícito, através das quais se demonstra por quem, onde, quando e em que posição foi Portugal gerado, o seu conteúdo não será recomendável a menores de 18 anos.

GLOSSÁRIO
Anástrofe – Inversão da ordem directa das palavras.
Hipálage – Atribuição a um ser ou coisa de uma qualidade ou acção logicamente pertencente a outro ser.
Hipérbato – Inversão violenta da ordem dos elementos na frase.
Ironia – Figura que sugere o contrário do que se quer dizer.
Paradoxo – Um mesmo elemento produz efeitos opostos.

Olha Quem Fala!

"O número não é argumento."


José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, universalmente conhecido por passear em trajes menores durante as visitas oficiais a terras estrangeiras e por trabalhar para a estatística, dixit.

domingo, 8 de março de 2009

Do País do Carnaval

100 anos depois de Cármen Miranda, ei-lo de volta. Senhoras e senhores, meninos e meninas, respeitável público, de Rebordelo para a Várzea da Ovelha e Aliviada, o verdadeiro fenómeno do Marco de Canaveses: Avelino Land Rover - Tracção Total.

sábado, 7 de março de 2009

Apologia do Português Técnico


Senhôra Menistra da Educassão,

Á muinto que andava para dirijir-lhe algumas palavras de elojio há politica de transfurmassão das noças escolas em curço, o que fasso agora, e veinho acim saudar-la pelo muito que tem fazido pelo pogreço da educassão dos portuguêzes, até hoge, a senhôra Menistra fês uma grande obra sem que lhe teinham dado o recunhessimento de que básicamente meresse, ainda á pouco li, com muinta emussão, a historia felis de um mosso que se inissiou nos Ultras da Ribeira nas artes de dar xutos e aparar pontapezes, espessialidade em que é muinto geitozo, xegando mesmo a tornarsse campeão portuguêz, pelo que veio-se a partissipar nos jógos olimpicos da Xina (onde apanhou um encherto de purrada que agora não vem-se ao cazo), que entrou para as novas opurtunidades, onde fazeu o 12.º ano em seis mezes, e que depoiz concurreu para eintrar no curço de medissina na Univercidade do Minho, se ele fôr perceverante e quizer continuar-lo com a mesma forsa, estou convensido de que, não tarda nada, xega a menistro da educassão, acim como Voça Eiscelênsia ai xegou, bem sei que a Senhôra Menistra não fás tudo sósinha, não faltam-lhe bons culaboradores, muito zelozos e com ispirito de inovassão, a Senhôra Diretora Rejional de Educassão do Norte, por ezemplo, anda a ajudar-la muinto, dando um grande impulço há coalidade do enssino, há valurisassão da lingua portugueza e au pogreço dos festeijos carnavalescos em Paredes de Coura, a Senhôra Menistra tém tambem todo o meu recunhessimento por ser muito amiga dos seus amigos, a quem não exita em pagar com o numerario que anda a tirar-lhes aos profeçores, eces grandessicimos preguissozos que só pençam em gréves, vergílias, manifestassões e curdões umanos, e prontos, despessome attentamente, na certesa de que, com peçoas como Voça Eiscelênsia e com o aussilio de apareilhos revolussionários como o Magalhains, Portugual vai ir senpre na cenda do aperfeissoamento que levará-lo a axar rápidamente a lus ao fundo do tonel e a saír desta crize teimoza que nos aturmenta.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Depois do Milagre Japonês, o Milagre da Minhoca

António Magalhães, Presidente da CMG, com a mão na minhoca
(foto do Guimarães Digital)


Afinal, já está em campo o agente que nos fará sair da crise. É a minhoca. Ela é económica – faz baixar a factura da água; ela é ecológica – recicla o lixo doméstico; ela é produtiva – fabrica fertilizante; ela tem espírito de iniciativa e responsabilidade social – pode dar emprego a três mil portugueses.

Até a Quercus, que nunca aplaude nada, já aplaude a minhoca.

Fonte geralmente bem informada confidenciou ao Café Toural que está para breve a vinda do Ministro da Economia ao Vale do Ave, onde assinará um acordo com uma multinacional americana para instalação de uma moderna unidade industrial dedicada à produção de hambúrgueres.

terça-feira, 3 de março de 2009

Acto de Contrição

Reconheço que me equivoquei. Quando ouvi falar do próximo lançamento em Guimarães de uma “revista social”, pensei em algo verdadeiramente mau. Foi com intenção vagamente voyeurista, com o estado de espírito do abutre atrás da carniça, que hoje me dirigi ao quiosque para passar os olhos pela tal revista. Não tinha dúvidas de que iria comprovar o meu vaticínio. Tenho agora que dar a mão à palmatória: enganei-me. A coisa não é tão má, tão caricatural e tão alarve como eu a antevi. É muito pior.

(A coisa é grande, é big, é bigger, desde a capa à contracapa: enfiar a Sofia Escobar no sovaco da senhora directora é obra para muito engenho e arte.)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Música Para os Nossos Ouvidos

"Guimarães como Capital Europeia da Cultura é a maior humilhação da era democrática para a cidade de Braga.”

Ricardo Rio, vereador do PSD da Câmara Municipal de Braga,
in "Diário do Minho", 1 de Março de 2009

domingo, 1 de março de 2009

A Eles!

Redimi-vos. Ide-vos a eles. Jogai com a alma e com o coração. Honrai o emblema. Suai a camisola. Sujai os calções. Deixai a pele em campo. Comei a relva. Comei-os vivos. Se necessário for, comprai o árbitro. Dai-nos uma alegria e sereis perdoados das tristezas que já nos destes. Se nos envergonhardes, pedi asilo ao rei de Marrocos. Melhor será que não volteis.