Santa Rosa Lima está num alvoroço, mas nada a que não esteja já habituada a várias vezes secular instituição. Afinal de contas, já no Séc. XVIII ali se vendiam linhos afamados, com direito até, a exportação para o Brasil.
Certamente será por isso que alguns dos actuais residentes, sempre ciosos na defesa das tradições, vendem agora, ufanos, gorros, t-shirts, cachecóis, cachecóis miniatura (sirva isso lá pó que servir), porta-chaves e até packs com tudo lá dentro! Ah! E a pérola das pérolas, algo que só alguém profundamente conhecedor das festas e do seu sgnificado, poderia conceber: fitas das maçazinhas, já devidamente impressas, que a garotada de hoje, como se sabe, perdeu a arte do bordado e da pintura...
Sim, são os mesmos que se indignaram (muitos vieram até aqui ao café, destilar razões) por outros terem opinião diversa sobre decisão de registo de determinada marca (nem a reproduzo aqui, não vá o dito já a abranger os escritos), que todos pensávamos pertencer a todos nós...
Os mesmíssimos que, com a lata que caracteriza a mitomania compulsiva, defenderam que o tal registo apenas servia as festas, que era para não permitir que a tal marca fosse objecto de cobiça de uns gananciosos (que só eles pareciam conhecer) e dos seus inconfessáveis interesses económicos/comerciais.
Pois não é que, tendo eles registado a dita marca, promoveram ou encomendaram o desenho dos cartazes que dentro em pouco andarão aí pelas ruas e, agora, com o mesmo design, certamente por curiosa coincidência, surgem os tais ditos produtos de "merchandising", à venda no sítio do costume (uma feira virtual recém criada no site dos meninos).
Eles que, desinteressados, entregariam a marca e o seu registo à Comissão de Festas, para que a governasse como quisesse, vendem os artefactos no seu tasco virtual, quando, por mero acaso, a Comissão até tem um site próprio...
Com certeza que também já terão pensado nisto, argutos como são:
A Comissão é eleita todos os anos, como sabemos, pelo que não deixa de ser maravilhoso que, segundo se diz, a filantropia desses senhores os tenha já levado a celebrar contrato para produção do dito merchandising com uma conhecida casa comercial cá da cidade, até 2012...
O que será que acontece, se a próxima ou uma das próximas Comissões eleitas, não desejar os termos desse contrato? Com certeza, tão ilustre gente, irá cumprir a sua palavra, como é próprio de quem não ganha nada com isto e só quer servir: rompe-se o contratado, indemnizando a contraparte... está-se mesmo a ver! Ao que chega o espírito de sacrifício, por amor às festas...
Mas, se tudo isto é cómico, depois, a coisa ganha foros de hilariedade... esta manhã, um determinado Sr. Vereador, na reunião de Câmara, alertou para o facto de, quando no sítio da internet da dita associação se clicava no link para obter mais informações, era-se redireccionado para o e-mail da loja virtual da Cooperativa Municipal Tempo Livre... O Dr. António magalhães, parece que não ficou nada contente com a história e terá dito que iria ser radical na posição a tomar. Vamos ver o que acontece... Escusam de lá ir, porém... ainda durante aquela reunião do executivo, a coisa foi alterada... deve ter sido lapso, todos sabemos que é bem mais fácil montar uma loja virtual num site do que criar uma conta de correio electrónico e seus reencaminhamentos, tarefa só possível a informáticos de gigantesca craveira.
Também é giro, andarem por aí a circular uns e-mails que recomendam a visita à tal feitoria cibernáutica, dizendo tratar-se de uma iniciativa da dita casa comercial da cidade e da própria Comissão de Festas... deve ser por isso que as coisas se vendem no sítio deles e não no da comissão ou em qualquer outro lado.
Aqui o vosso Martinho, que acha isto tudo bestial (no sentido próprio, etimológico, da expressão) já sabia que ia ser assim. Aliás, no fundo, sabíamos todos... Costumava dizer à abundância, a minha avózinha, que, geralmente, as pessoas só vêem mal nos outros, quando estão a pensar no mesmo... deve ser por isso que eles viram os tais "interesses comerciais" de que mais ninguém se apercebeu... percebemos todos, agora, porque os viram eles e não outros...
Mas afinal, porque não? Se até foi a esses senhores, armados em procuradores da Comissão (a tal que, por não ter personalidade jurídica, não pode mandatar), que a Câmara Municipal atribuiu um subsídio de 2.500€ para as festas...
Vou mas é tomar um carioca duplo, que estas ceninhas dão-me sempre um arrepio nestes velhos ossos... Ó rapaz... não... afinal... traga-me antes uma C.R.F..
Valha-nos a Prioresa Madre Catarina das Chagas...