domingo, 12 de abril de 2009

Lesto o Pé Que Tempo É


Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
(Álvaro de Campos)



Consta que Maribor, na Eslovénia, será capital Europeia da Cultura em 2012. Por lá, as coisas vão andando (qual é a pressa?). Em 2013, será a vez de Marselha, França, e de Košice, na Eslováquia. Por lá, as coisas já giram e marcham, assim e assim (será que vão apanhar o comboio?). Em Guimarães, que fará parelha com Maribor, em 2012, as coisas vão indo entre a letargia e a catalepsia: estáticas, paradas e silentes, com quase completa ausência de sinais vitais. Aparentemente, nada se move, a não ser a inexorável marcha do tempo.

E eu pergunto:

Porque será?

Será porque o segredo é a alma do negócio?

Será porque, em vez de um Ministro da Cultura, temos um holograma narcisista a fazer as suas vezes?

Será porque o processo entrou em recesso, para não colidir com o calendário eleitoral de 2009?

Será por causa da mãe de todas as causas, a crise?

Será porque não se passa mesmo nada?

Será porque ainda falta muito tempo?

E pergunto mais:

Que é feito do prometido processo participado, de que não temos notícias desde Outubro de 2007?

Que é feito da vontade de promover, “em todas as fases do processo, a auscultação, participação e envolvimento de todos os que considerarem que podem aportar ideias, reflexões, propostas e contributos ao projecto”?

Será que, afinal, vamos ter uma cidade Capital Europeia da Cultura construída sem a participação dos seus cidadãos?

[Serão apressados, os Marselheses, que já fixaram e divulgaram uma metodologia para a elaboração do programa para a CEC 2013, com um apelo à apresentação de projectos?]

Não nos faltam as perguntas, nem a sabedoria da minha tia Engrácia, que tinha sempre resposta para tudo e a quem muitas vezes ouvi lembrar que o tempo que se perde não se torna mais a achar.

Um comentário:

  1. Ora aqui está uma reflexão super pertinentee mordaz até! Concordo em absoluto, até porque o Minho a Região Norte e o país arriscam-se a "2corar" se a situação não for alterada. Eu acho que o problema não é económico, mas sim político. Imaginem se esta "Capital" tivesse sido ganha por LX... já haveria Teatros, Pavilhões, Aeroportos, Tgvs, Pontes... em fase de construção. Lembremo-nos da Expo, do Euro, e outras coisas tais...! Como eu digo, o alvo deverá ser Lisboa, ou o Terreiro do Paço (sso a apasso, devagar)... é de lá que (não) vem o que o "vosso" Magalhães ( não o Miga nem o Mega) não tem: Poder e (in) decisão!
    abraço

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