domingo, 29 de junho de 2008

Última Hora: Vitória Contrata Grilo Falante


Senhoras e senhoras, eis José Marinho, na primeira pessoa:

“Inicio aqui uma colaboração com o Eterno Benfica que coincide com a minha renúncia ao jornalismo. Após vinte e cinco anos atrás das ideias dos outros, acho que chegou a altura de construir o meu próprio património ideológico. Faço-o nesta altura em que ainda desconheço o que farei no futuro para manter bem alimentadas as duas pequenas bocas que tenho em casa, mas que gritam desde a sua nascença pelo mesmo refrão que forrou a minha ascendência futebolística: «slb, slb, slb, glorioso slb, glorioso slb».”

“Dizem os meus amigos mais chegados – benfiquistas claro, de outro modo não seriam os mais chegados (…).”

“Em tudo na vida, eu digo, não contradigo, eu faço, não desfaço, eu monto, não desmonto. Em suma, eu sou público, não sou anónimo.”

"Há pessoas que comem, comem, comem e nunca engordam e há outras que comem pouco e continuam a engordar, assim como há jogadores que precisam de muitas oportunidades para fazer um golo e outros que uma chega."

“Este Barcelona parece que está a sofrer de jet lag por antecipação."

"O Boavista é um novo monstro do futebol português que vai nascendo todos os dias um pouco!”

"Henry não é um homem, é uma manada!"



Ainda há dias era dado como certo no clube do Bartolomeu das margens do Lis. Antes, tinha estado com os dois pés na cidade dos arcebispos. Cá para nós, até seria engraçado, mas a notícia logo levantou ferocíssima açougada entre os adeptos bragueses, que, desdenhando da felicidade com que seriam insuflados, logo desataram a praguejar, em linguagem muito mimosa e aprimorada. Aqui ficam algumas citações da algaraviada, com a devida vénia:

“***** que pariu! Será que neste clube alguém tem cabeça para pensar?”

“Este gajo é aquele esticadinho magricelas de cabeça pequenina que só dizia disparates durante os jogos que comentava. Um Gabriel Alves pouco original, e muito artificial.”

“O que é que o gajo vem para aqui fazer?? deve ser para fazer concorrência ao Manuel Machado, porque quem acompanha os jogos na sportv narrados por este gajo sabe que ele tem uma linguagem ao nível do "machadês", ou até mais erudita.”

Por desgraça, ao que consta porque abriu a boca demais na hora de falar no vil metal, o ex-locutor pernóstico não ingressou no Arsenal dos Pequeninos. Para nós, esta foi uma notória adversidade, mas, afinal, ainda havia de ser pior. Chutado para canto em Braga, veio ter a Guimarães aos rebolões.

A coisa parece irreversível, sendo certo que o contratado, em matéria de verborreia e palavrosidade, encaixa na perfeição em certa tradição vitoriana, dando continuidade à linha linguística, ou até mais erudita, que teve na dupla Pimenta & Machado os dois principais cultivadores.

É provável que, ao contratar tão prolixo palrador para chefe do gabinete de comunicação, o Vitória esteja a pagar o suficiente, não para um homem, mas para sustentar uma manada, mas, cá por mim, aplaudo, com pés e mãos, esta contratação. Não porque me pareça que a imagem do Vitória tenha alguma coisa a ganhar com o contributo comunicacional deste amigo do José Veiga, mas porque tenho cá uma fé de que trará algum benefício aos nossos nem sempre bem tratados fígados.

sábado, 28 de junho de 2008

Onde É Que Assino?


Pois se a troco de Carlos, Rei de França,
Ou de César, quereis igual memória,
Vede o primeiro Afonso, cuja lança
Escura faz qualquer estranha glória
Os Lusíadas, I, 13, 97-100

No dia 24 de Junho de 1128, depois de desbaratar a mãe e os galegos na célebre refrega que ficaria conhecida para a posteridade como a Batalha de S. Mamede, o jovem Afonso Henriques fez uma entrada triunfal na vila de Guimarães, subindo a rua de Camões à frente das suas tropas. Terá sido aí que, pela primeira vez, se ergueram vozes que o aclamavam como rei de Portugal, um país que ainda haveria de nascer. Como, na altura, o rigor do registo civil era bem menos apertado do que hoje, o jovem guerreiro decidiu perpetuar esse dia memorável no seu próprio nome, que passou a ser Luís Afonso Henriques de Camões.

Mais tarde, aquele que seria o nosso primeiro rei-poeta, construído o país, ainda teria tempo para escrever uma obra sublime, Os Lusíadas, na qual narrou, em decassílabos heróicos, a sua gesta, assim como a dos reis que se lhe seguiram pelos séculos adiante. Estes factos acabariam por cair na penumbra do esquecimento e a obra-prima da literatura lusa, por ele obrada, acabaria por ser atribuída, séculos mais tarde, a um outro Luís de Camões, do qual pouco se sabe para além de que se finou no dia 10 de Junho de 1580.

Vejo agora que a verdade histórica está em vias de ser reposta, correndo uma petição ao governo e à Assembleia da República para que seja transferido para o dia 24 de Junho “o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”.

A César, o que é de César. A Afonso o que não é de Camões.

Assino onde?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Nota da Gerência

A Gerência informa todos os que atiram biscas para a caixa dos comentários que o Café Toural já eliminou, há muito, esse adereço grotesco, de esmalte branco e outrora muito em voga nos espaços públicos, conhecido por escarrador. Aqui, preservam-se a civilidade, as boas maneiras e a boa higiene.

Em local bem visível, temos afixada uma placa com o aviso seguinte:

“Avisam-se todos os nossos clientes que a tabuleta onde se lê RESERVADO O DIREITO DE ADMISSÃO tem uma função meramente decorativa. Neste café pratica-se a liberdade de expressão, absoluta até certo ponto. Qual ponto? É o que falta saber.”

A Gerência informa que, neste momento, já sabe qual é o tal ponto

O ponto não é o que se diz: aqui, cada um é inteiramente livre de dizer o que muito bem entender.

O ponto é o como se diz: quem aqui atira postas tem que saber dar bom uso à língua e afagar as palavras com meiguice, desvelo e delicadeza, o que manifestamente não tem sucedido com certo(s) quadrúpede(s) que, nestes últimos dias, se têm entretido a conspurcar as caixas de comentários.

Este é um princípio de que não prescindimos. Damos de barato o conteúdo, mas atribuímos um valor inestimável à forma.

Sim, somos libertários. Mas, antes de tudo, somos estetas irredutíveis.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Diz que...

...há pr' aí uns marotos que gostam de ir passar férias a Vila Nova de Cerveira...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

terça-feira, 24 de junho de 2008

24 de Junho Visto Por José Mattoso


José Mattoso

24 de Junho de 1128

Todos os anos, por esta altura, sinto algo que vai para além do cheiro a sardinha assada, algo que vai para além das dúvidas que pairam sobre a naturalidade de D. Afonso Henriques, algo que vai para além de ideias estapafúrdias de quem governa e da oposição (por exemplo construir um parque de estacionamento no Toural ou fazer a “Casa da Memória” no Castelo). Mas afinal o que sinto eu, pobre provinciano de Oleiros, pobre urso da ilha do mesmo nome?

Agora fora de brincadeiras:

Nesta data sinto por um lado um imenso orgulho, por outro, uma profunda tristeza.

Comecemos pela tristeza que, apesar de ser um sentimento menos concreto, neste caso é mais fácil de explicar. A minha tristeza prende-se em primeiro lugar com o facto de há 880 anos termos feito algo que é inigualável e de sermos uma cidade condenada a nunca poder repetir tal feito, pois nada do que se possa alguma vez conceber igualará a “Primeira Tarde Portuguesa”. Em segundo lugar entristece-me ver esta data ser muitas vezes ignorada pelos mais jovens (que a confundem com um santo qualquer) e, muito pior do que isso, entristece-me ver esta data utilizada como arma de arremesso político (pelos mais diversos motivos) numa cidade em que todos temos culpa de esta data não ser celebrada e recordada como devia ser…

Passemos agora ao orgulho, esse sentimento que parece começar a desaparecer do imaginário português ou, pior do que isso, a ser desvirtuado por razões que de momento não interessa referir. Falemos agora do enorme orgulho que é sabermos que, há muito tempo atrás, nesta nossa Guimarães, se fez Portugal. Sim, meus caros compatriotas vimaranenses, fomos nós que construímos este país! Orgulhemo-nos disso como o nosso maior feito! Orgulhemo-nos de termos feito algo que sendo nosso logo se transformou em Portugal inteiro!

Chegou a hora de fazermos deste “nosso” acontecimento aquilo que ele verdadeiramente é: O acontecimento nacional!

terça-feira, 10 de junho de 2008

A Raça Dominante

“Hoje eu tenho de sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça”.

Aníbal Cavaco Silva, na véspera do 10 de Junho de 2008



Raça s.f. : divisão tradicional e arbitrária dos grupos humanos, determinada pelo conjunto de caracteres físicos hereditários (cor da pele, formato da cabeça, tipo de cabelo, etc.).


Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa