quinta-feira, 10 de abril de 2008

Perdoa-lhes, Povo, Eles Não Sabem O Que Fazem...

"Lisboa, 10 Abr (Lusa) - O Conselho de Ministros (CM) aprovou hoje uma alteração ao regime de acesso e ingresso no ensino superior que permitirá a um estudante inscrever-se em simultâneo em dois ciclos de estudos superiores. O decreto-lei hoje aprovado procede assim à oitava alteração ao Decreto-Lei n.º 296 A/98, de 25 de Setembro, que fixa o regime de acesso e ingresso no ensino superior."

Tudo bem e normal, a única coisa a registar é o facto de um decreto-lei de 98 ir na sua 8.ª alteração. Ou seja, em 9 anos e uns dias de vigência, o diploma que regula o acesso ao ensino superior foi alterado 8 vezes... Agora vou aguardar para ver quantas rectificações é que o dito diploma vai sofrer nas próximas semanas/meses.

É por estas e por outras que o ensino em Portugal é o que é e está como está. É, de resto, por coisas destas que tudo está como está. É por ninguém com responsabilidades governativas, nos mais variados escalões da administração pública, saber ao certo o que quer, nem ter capacidade de prever a mais de um ou dois anos.

São as estradas que se asfaltam para se esburacarem em seguida, porque ninguém se lembrou de perguntar, antes de asfaltar, se, por acaso, a EDP ou a Vimágua ou TV Cabo ou a PT ou sei lá quem mais, não quer instalar qualquer coisa, antes de se fazer a despesa. Depois temos a EN101 no estado em que está (aquela estrada que liga a Ínclita Cidade àquela terreola a norte, cujo nome não ouso pronunciar). E está nesse estado, mais ou menos de cinco em cinco anos, se não menos (por isso e porque se constroem auto-estradas por onde não passa trânsito nenhum, porque são demasiado caras, mas também ninguém previu isso).

São as ruas estreitinhas com que somos contemplados em cada legislatura, porque ninguém se lembra que elas vão servir por muitos e longos anos. Quer-se a cidade dos 100 mil, mas com caminhos de cabras, com os passeios todos muito alinhados, a terminar em ângulos rectos, para que os autocarros ocupem ambas as faixas de rodagem quando mudam de direcção ou, mesmo, subam os passeios, assustando os demais condutores (quando não são atirados para cima dos passeios ou amolgados) e os pedestres que circulam nos mesmos.

São os mercados que se constroem para ficar às moscas e os espaços que tardam em se revitalizar e, quando o forem (revitalizados), por falta de quem pense nisso, também vão ficar às moscas, por falta de público para eventos que não acontecem e que, mesmo que aconteçam, não têm público suficiente para estar em todo o lado e, muito menos, com dinheiro suficiente para ir a tudo.

São as taxas que se colocam no máximo, como se já não bastasse tudo o resto - no máximo - e todas as demais taxas que pagamos, sem perceber para que servem, nem quais as utilidades que, supostamente, desfrutamos, das quais são, dizem eles, contrapartida. Por exemplo: o que raio vem a ser a "contribuição audio-visual" que aparece na factura da electricidade? E a taxa de Exploração DGGE? Esta segunda, quer-me parecer, é a taxa que pagamos para sermos explorados pela DGGE. A primeira, é um bocado como as propinas e a taxa moderadora: é a taxa que (obviamente) se deve pagar por tudo o que, sendo serviço público (portanto já financiado pelos nossos impostos), devia ser universal e gratuito. Para melhorar a coisa, o Estado, esse amigalhaço que deve milhões aos privados que o fornecem, põe os mesmos privados a cobrar as taxas que revertem para ele. E, depois, o animal do PM (que é um animal, como todos sabemos, a menos que seja um robot-do-inferno - coisa que, confesso, já me passou pela cabeça), ainda tem a lata de anunciar (como se grande coisa) uma ridícula descida de 1% num imposto que ele próprio subiu em 2%, que não vai ter qualquer impacto, nem sequer nos preços (talvez, apenas, eventualmente, na margem de lucro dos nossos comerciantes, o que, a acontecer, já não será mau), como se, no total, impostos e taxas tivessem descido... E se fosse gozar com quem o monta, de cuja identidade e género não se sabe nada (e eu prefiro nem saber)?

E cá vamos andando, deprimidos que já nem tristes sabemos andar, o país todo a pastilhas, que engole com sapos e água de má qualidade e cara...

Uma mediocridadezinha...

Venha mais um fino, gerência, p'ra esquecer... Vá tirando que eu vou fumar lá fora, à chuva.

4 comentários:

  1. Tão pessimista, tão negativista, tão niilista, tão catrastofista, tão obsessivo, tão medíocre, tão merdado, tão fo...., que só lhe resta uma solução: o suicídio.

    antiMdS

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  2. Um inimigo jurado e anónimo! Era mesmo este o balsamo de que necessitava!Acabei de melhorar sensivelmente a minha disposição!
    Muito e muito obrigado!

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  3. Particularmente interessante esta passagem: "São as ruas estreitinhas com que somos contemplados em cada legislatura, porque ninguém se lembra que elas vão servir por muitos e longos anos. Quer-se a cidade dos 100 mil, mas com caminhos de cabras(...)"

    Algo que já há muito eu contesto e que finalmente vejo alguém dizer. Pensa-se demasiado pequeno em Guimarães. Gente pequena, mentalidade pequena, cidade pequena. Guimarães não tem uma avenida digna desse nome (pronto, vá lá, a Conde Margaride anda lá perto).

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  4. Abomino esta mania de diminuir o que é nosso, mesmo quando o que se diminui já é pequeno demais para ser diminuído. E a Afonso Henriques, Mr. Riot, longa e rectilínea, com árvores e tudo (tudo = um teatro fechado, um Centro Cultural aberto, um night-club chamado Paris, um bar de alterne, uma estátua do Niepce, uma auto-garagem, etc, etc) se não é uma avenida, é o quê?

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