Já aquela terra onde mora o senhor arcebispo, que fica para lá da Morreira, anda com outro salero. Ali, a política é um combate excitante, que se trava com grande elevação e uma certa inovação no uso da língua, mesmo antes da entrada em vigor do famigerado acordo ortográfico.
Aqui há dias, a oposição ao redil mesquiteiro, acusava o Município de estar “de costas voltadas para o conhecimento científico que é produzido nas diversas esferas de investigação” das “Universidades de B#*$*”.
A resposta veio em forma de comunicado do Gabinete da Presidência do Eng.º Mesquita, assinado por Mesquita, adj., profundamente inovador e criativo ao nível da linguagem da comunicação institucional, em que criticava o “pretenso recandidato do "partido-de-luís-filipe-menezes"”, a quem chama de “putativo”, palavra que, como todos sabemos, costuma usar-se quando se quer atirar um mimo a alguém através da interposta pessoa da senhora sua mãe, sem se usar expressão mais abreviada, o qual pretenderia mostrar “que, se e quando chegar ao poder, líderes académicos e dirigentes políticos não passarão um dia que seja sem que consertem o futuro do concelho ao sabor do mesmo prato e do mesmo copo e ao som de um trompete afinado pelo mesmo diapasão”. Porque, como ninguém poderá ignorar, “o Município de B#*$* sempre se assumiu e foi assumido como parceiro privilegiado das várias instâncias universitárias bracarenses, participando activamente nos projectos que desenvolvem”. (Claro que sim, ninguém duvida: basta recordar, por exemplo, o que aconteceu com a intentada candidatura do Minho a Região Europeia da Cultura).
A este comunicado respondeu o Jiminy Cricket da terra braguesa, que se revolta até ao nojo e atira que o comunicado camarário é “inacreditável para quem lê, é infame para a terra e é desonroso para a democracia”, classificando-o ainda como “um documento cujo conteúdo não vai além da política de sarjeta, servida num estilo trauliteiro, soez e brejeiro”, uma evidência da sua prévia constatação de que, por ali, a política “é raivosa, bafienta e pérfida”.
O visado pelos comentários subtis, delicados e graciosos do comunicado autárquico, o putativo, sai então a terreiro, com uma réplica à altura da elevação da discussão, a denunciar, “a soberba oca e os insultos desbocados que tive o privilégio de receber do "Autarca lambe-botas do Sócrates" e do seu papagaio de serviço”.
Até aqui, tudo nos conformes. Linguagem límpida, pensamentos cristalinos, conversa asseada. O problema foi quando um leitor resolveu deixar no blog do putativo um comentário enigmático, que rezava assim:
“Eu acho que é uma grandessíssima "DOR DE CORNO"!”
Aí, o putativo perdeu o pé, e provavelmente o tino, se não a razão, e descambou por completo, quando ia tão bem!, dando-lhe para se encher de pruridos e atirar uma advertência severa ao comentarista:
Porque, como todos sabem, os papagaios, especialmente os papagaios dos lambe-botas, não têm cornos.
Bonito!
ResponderExcluirVê-se bem que o Honoré é de Balazar... deve ser de, à conta da nortada, de vez em quando, respirar ares provenientes de a norte da Morreira... Deixe lá de se preocupar com essa gente, que isso faz mal à saúde! Apesar de compreender o impulso legítimo de quem gosta de observar a vida animal... Eu, por exemplo, não perco um National Geographic, mas aprecio mais os episódios sobre pequenos mamíferos que estes dos grandes símios...
Ò meu caro das Sandes, como estais enganados… Eu não me preocupo com tal gente, antes pelo contrário, nem estas coisas me fazem mal à saúde, antes pelo contrário. Fazem-me bem. Muito bem. Com o tempo soturno como o que agora faz, sou dado a uma melancolia tão melancólica que abeira a depressão. Assistir de longe às papagaiadas dos senhores que se esgadanham lá para as margens do rio Este é muito melhor do que o Prozac. Não tem contra-indicações e até faz bem ao fígado.
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