domingo, 31 de maio de 2009

Gepeto & Pinóquio: O Reencontro


"Obrigado, querido amigo" - Vital Moreira a José Sócrates, Braga, 30 de Maio de 2005

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Procura-se Cabeça

Partido em expansão e com forte presença no espaço mediático nacional procura desesperadamente cabeça de lista para candidatura à Câmara Municipal de Guimarães. Dá preferência a alguém ex-qualquer coisa que se posicione algures entre a social-democracia e a esquerda caviar. Deve ser bem-falante, mas não precisa de ter ideias próprias, uma vez que ao escolhido será facultado um pacote de frases feitas e de sound bytes prontos a usar. Pode ser de qualquer género, desde que se afirme praticante ou adepto de sexualidades coloridas e alternativas, dos casamentos unicolor e do consumo de drogas leves. Caso não preencha as condições pretendidas, não deixe de responder a este anúncio: em desespero de causa, qualquer um serve. Resposta urgente para: Francisco Louçã & Associados, filial de Guimarães, Rua da Saudade – Creixomil.

Coitada da Senhora!

Não se pode vilipendiar desta forma a Sr.a Professora, Honoré. Afinal, ela recebe instruções de superiores que escrevem bem pior. Sim, isto piora, quando se sobe na hierarquia, bastará ler o Diário da República.
Quanto ao famoso Magalhães, das duas uma: ou ninguém do ministério da educação se deu ao trabalho de ler e aprovar os conteúdos de um instrumento pedagógico (o que, convenhamos, é muito grave) ou, então, estamos mesmo entregues à bicharada, senão vejamos (dispenso-me de sublinhar as bacoradas, por demasiado evidentes):

«Aqui fica uma lista (não exaustiva) das "pérolas" com que o "Magalhães" tem presenteado as nossas crianças.

* "Cada automóvel só pode mover horizontalmente ou verticalmente. Tu deves ganhar espaço para permitir ao carro vermelho de sair pelo portão à direita."

* "O Tux escondeu algumas coisas. Encontra-las na boa ordem."

* "Carrega nos elementos até pensares que encontras-te a boa resposta. (...) Nos níveis mais baixos, o Tux indica-te onde encontras-te uma boa cor marcando o elemento com um ponto preto. Podes utilizar o botão direito do rato para mudar as cores no sentido contrario."

O festival de asneiras do "Magalhães"


* "Dirije o guindaste e copía o modelo."

* "Abaixo da grua, vai achar quatro setas que te permitem de mexer os elementos."

* "O objectivo do quebra-cabeças é de entrar cifres entre 1 e 9 em cada quadrado da grelha, frequentemente grelhas de 9x9 que contéem grelhas de 3x3 (chamadas 'zonas'), começando com alguns números já metidos (os 'dados'). Cada linha, coluna, e zona só pode ter uma vez um símbolo ou cifre igual." (nota: instruções para o jogo sudoku)

* "Carrega em qualquer elemento que tem uma zona livre ao lado dele. Ele vai ir para ela."

* "Enfia a bola no buraco preto á direita."

* "Com o teclado, escreve o número de pontos que vês nos dados que caêm."

* "O objectivo do jogo é de capturar mais sementes do que o adversário. (...) Se os jogadores se acordam no facto que o jogo está num ciclo sem fim, cada jogador captura as sementes do seu lado."

* "Ao princípio do jogo 4 sementes são metidas em cada casa. O jogadores movem as sementes por vês. A cada torno, um jogador escolhe uma das 6 casas que controla. (...) Se a última semente também fês um total de 2 ou 3 numa casa do adversário, as sementes também são capturadas, e assim de seguida. No entanto, se um movimento permite de capturar todas as sementes do adversário, a captura é anulada (...). Este interdito é ligado a uma ideia mais geral, os jogadores devem sempre permitir ao adversário de continuar a jogar."

* "Aceder ás actividades de descoberta."

* "Pega as imagens na esquerda e mete-las nos pontos vermelhos."

* "Carrega e puxa os elementos para organizar a historia."

(nota: "historia" é repetidamente escrito sem acento)

* "Saber contar básicamente."

* "Move os elementos da esquerda para o bom sitio na tabela de entrada dupla."

* "Puxa e Larga as peças no bom sitio."

(nota: "sitio" nunca é escrito com acento)

* "Com o teclado, escreve o número de pontos que vês nos dados que caêm."

* "Primeiro, organiza bem os elementos para poder contar-los (...)."

* "Carrega no chapéu para o abrires ou fechares. Debaixo do chapéu, quantas estrelas consegues ver a moverem? Conta attentamente. Carrega na zona em baixo à direita para meter a tua resposta."

* "Treina a subtracção com um jogo giro. Saber mover o rato, ler números e subtrair-los até 10 para o primeiro nível."

* "Quando acabas-te, carrega no botão OK ou na tecla Entrada."

* "Conta quantos elementos estão debaixo do chapéu mágico depois que alguns tenham saído."

* "Olha para o mágico, ele indica quantas estrelas estão debaixo do seu chapéu mágico. Depois, carrega no chapéu para o abrir. Algumas estrelas fogem. Carrega outra vês no chapéu para o fechares. Deves contar quantas ainda estão debaixo do chapéu."

* "Lê as instruções que te dão a zona em que está o número a adivinhar. Escreve o número na caixa azul em cima. Tux diz-te se o número é maior ou mais pequeno. Escreve então outro número. A distância entre o Tux e a saída à direita representa quanto longe estás do bom número. Se o Tux estiver acima ou abaixo da saída, quer dizer que o teu número é superior ou inferior ao bom número."

* "Tens a certeza que queres saír?"

* "Aprende a escrever texto num processador. Este processador é especial em que obriga o uso de estilos (...)"

* "Neste processador podes escrever o texto que quiseres, gravar-lo e continuar-lo mais tarde. Podes estilizar o teu texto utilizando os botões à esquerda. Os quatro primeiros permitem a escolha do estilo da linha em que está o cursor. Os 2 outros com múltiplas escolhas permitem de escolher tipos de documentos e temas coloridos pré-definidos."

* "Envia a bola nas redes"

* "É preciso saber manipular e carregar nos botões do rato fácilmente."

* "O objectivo é só de descobrir como se podem criar desenhos bonitos com formas básicas (...)."

* "O objectivo é de fabricar um forma dada com sete peças."

* "Quando o tangram for dito frequentemente ser antigo, sua existência foi somente verificada em 1800."

(nota: explicação do tangram, um quebra-cabeças tradicional chinês)

* "Mexe as peças puxando-las. Carrega o botão direito nelas para as virar. Selecciona uma peça e roda à volta dela para a rodar. Quando a peça pedida estiver feita, o computador vai reconhecer-la (...)."

* "Reproduz na zona vazia a mesma torre que a que está na direita."

* "Reproduzir a torre na direita no espaço vazio na esquerda."

* "Puxa e Larga uma peça por vês, de uma pilha a outra, para reproduzir a torre na direita no espaço vazio na esquerda."

O festival de asneiras do "Magalhães"


* "Move a pilha inteira para o bico direito, um disco de cada vês."(nota: as quatro últimas frases são as instruções dos jogos "Torres de Hanoi" e Torres de Hanoi simplificadas" - "Hanoi" sem acento no "o")

* "Torno dos brancos"

(nota: a vez de jogar das peças brancas num jogo de xadrez)

* "Joga o joga de estratégia Oware contra o Tux."


Para este jogo é preciso ter cérebro

As instruções de cada jogo no ambiente de trabalho Linux do "Magalhães" estão organizadas em três tipos de informação: "objectivo" (o propósito daquele jogo), "manual" (a forma de jogar - por exemplo, quais as teclas e como fazer cada acção) e "necessário" (os requisitos para poder jogar).

Clicando em "necessário" encontramos indicações tão diversas como "bom controlo do rato", "utilização do teclado", "ler as horas" ou "saber contar". Mas nas instruções do "Jogo de Bolas" ficamos a saber que, para essa actividade, é "necessário: cérebro".»

Este texto reproduz parcialmente o artigo de Filipe Santos Costa, para o Expresso, que podem ler na íntegra, aqui.

Há uma terceira hipótese: nem a ideia e o computador são novidade, nem o software respectivo, sendo que este foi traduzido com recurso a uma das muitas páginas de tradução gratuita que estão disponíveis online. Outro exemplo feliz de uma página do Ministério da Educação, é este, atentem na primeira frase... Que miséria, não é?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Um País em Forma de Assim

(depois de ouvir as notícias do dia)

Há um país onde a mais alta responsável pelo maior território educativo, que controla, com mão de ferro, quase seis mil escolas e sessenta mil professores, não conhece, cada tiro, cada melro, os mais elementares rudimentos da sintaxe e da ortografia da língua materna.

Há um país onde uma gravação não serve para indiciar um figurão, que por acaso é primeiro-ministro, em matéria putrefacta com ramificações internacionais.

Há um país em que uma gravação encoberta e ilegal é matéria de prova suficiente para abrir um processo disciplinar a uma professora que perde as estribeiras, em equilíbrio instável e à beira de um colapso nervoso.*

Há um país onde um senhor confessa ter invocado, indevidamente, os nomes do primeiro-ministro e do ministro da justiça, mas continua, impávido e sereno como uma lapa, a envergonhar os seus concidadãos, representando-os num alto cargo internacional.

Cá por mim, já sei o que direi quando encontrar por aí um extraterrestre:

-Tira-me daqui, meu.

* Foram céleres em instaurar processo disciplinar à senhora professora que devia estar internada, mas parece que se esqueceram de idêntico procedimento para quem cometeu o ilícito de gravação sem consentimento (art.º 199.º do Código Penal).

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Fantástico, Mike!

Indo atrás de uma deixa atirada para aqui, fui coscuvilhar as caixas de comentários do blogue dos jota rosinhas de Guimarães e percebi que lá só são admitidos comentários laudatórios, apologéticos ou, no mínimo, elogiosos e que incluam variações em sol maior do adjectivo fantástico: debate fantástico, iniciativa fantástica, fantástica iniciativa, fantásticos jovens. Não sei bem por que razão, mas aflorou-me à memória uma expressão que já não ouvia há muito tempo. Fantástico, Melga!


terça-feira, 12 de maio de 2009

Afinal, a CEC2012 Será Outra

Palavras de Sua Eminência, O Ministro da Cultura de Portugal, à margem da reunião em Bruxelas que designou a cidade portuguesa que será Capital Europeia da Cultura no ano da graça de 2012, em falando dos trabalhos que para para a dita se projectam:

A nível urbano, “quer-se fazer a recuperação e reabilitação de todo o centro e de tudo aquilo que é possível e necessário recuperar (…). Mas quer-se fazer esse trabalho de continuada recuperação, sobretudo numa lógica de renovação e de reintegração de pessoas em todo o eixo central e em todo o centro (…) e, portanto, de requalificação urbana para reedificar e revitalizar a cidade”, para que “as pessoas sejam de novo entrosadas com a cidade, venham de novo ocupar esse centro”.

Não sei que cidade, assim desvitalizada ao centro e onde urge entrosar de novo as pessoas, será aquela. Guimarães não é, certamente.

sábado, 9 de maio de 2009

Olha o Robot!

Já cheira a eleições autárquicas. Já fervilham ideias luminosas, luzentes e radiosas. Já se vê um dos candidatos cá da terra defender, em prol de uma “formação de elevada qualidade no nosso concelho”, a criação de três escolas profissionais nas áreas da agricultura, da indústria têxtil e da… robótica. Isso mesmo, nem um curso, nem um concurso: uma escola profissional de robótica. Ena! Estamos aqui, estamos a exportar mão-de-obra altamente especializada em tecnologia futurista para os States, para o Japão e para o Burkina Faso. Para quem considere inaudita a coisa, adiantamos que também está a ser gizada, no âmbito das Novas Fronteiras socialistas, a criação, em Gonça, de uma escola profissional de tecnologia aeroespacial, que preparará profissionais qualificados para a colonização do planeta Gliese 581c (ideia inspirada na gesta dos descobridores quatrocentistas, a incluir no compromisso eleitoral do engenheiro Sócrates para a legislatura de 2009/2013. Há já entusiastas que comparam este projecto com outros da mesma dimensão, como a para sempre lembrada promessa dos 150.000 empregos).

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sentido de humor...


Absolutamente genial a ideia da publicação deste anúncio no Público de 7.5.2009, talvez o melhor momento de humor do ano, até agora.
Depois da duplamente deprimente alocução de Pinho - duplamente porque, por um lado, expôs, mais uma vez, ao país, que o ME e I(*) é um tipo, no mínimo infausto e boçal (na minha opinião, deve excessivamente à capacidade de abstracção, essa mesma que nos distingue do restante mundo animal); por outro lado, porque, ao defender que Basílio Horta é algo de idóneo ou, até, como diria o grande Almada, "asseado", expõe definitivamente a calvície intelectual da criatura -, alguma coisa de inteligente, finalmente, resulta desta palhaçada. Ou, para utilizar uma expressão tão cara ao léxico rosa, nos tempos de Santana Lopes - que parecem ter obnubilado por completo -, "trapalhada". Até o "Avô Cantigas" já teve de vir demarcar-se do primata.(**)(***)

Cuidem-se, pois, os felídios, os coevos e as criações ilusórias: a administração da Unilever, que produz a velhinha Maizena e a agência de publicidade que a trata têm muito mais piada.
Bem hajam!

_____________________

(*) - Sim, pasme-se, mas, além da economia, o "iluminado" é ainda Ministro da Inovação.
(**) - As minhas sinceras desculpas ao Carlos Alberto Vidal, pela comparação, mas as semelhanças são demasiado tentadoras...
(***) - Para quem não saiba e pense que, eventualmente, o Martinho foi longe de mais, fica a seguinte informação: o homem é um mamífero primata bípede.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Qual Maradona? Qual Messi?

Mourinho, claro, quem mais? Ou a descoberta do poeta repentista que inventou uma nova rima para o c***lho.

domingo, 3 de maio de 2009

O Sorriso da Hiena

Tenho acompanhado as reacções indignadas ao tratamento que foi dado ao Prof. Vital Moreira na manif da CGTP. Em resposta aos que se questionam sobre o que é que o homem lá foi fazer, vejo recuperar o célebre acórdão da coutada do macho ibérico, do Supremo Tribunal de Justiça, que sentenciava, a propósito da violação de uma turista de mini-saia, que “estava a pedi-las...”. A analogia é graciosa, porém pouco ajustada à situação vitalina. Vital Moreira, putativo mártir e candidato a enfileirar ao lado de Nuno Álvares Pereira, está longe de ser uma virgem ofendida e não consta que tenha sido violado. Quando lá foi, sabia bem ao que ia (não foi em vão que militou no PCP até perto dos 50 anos). Obteve o que pretendia. O sorriso que não disfarçou, enquanto era borrifado com água fresca e sacudido pela turba, é por demais esclarecedor, assim como a pressa que teve em colar o que lhe estava a acontecer aos acontecimentos da Marinha Grande. Esta gente não brinca em serviço! Haverá por aí alguém tão ingénuo que não perceba que aquilo foi cuidadosamente preparado por marketeiros, com o propósito de criar um factóide que desse um impulso à candidatura de tão eminente figura? Tratou-se, simplesmente, de uma acção de campanha eleitoral, pura e dura. Vital Moreira é, para aqueles que lhe chamaram nomes feios, um traidor, alguém que perfilhou uma fé e que a abandonou para se tornar num apóstolo do contrário daquilo em que dizia acreditar. Um renegado, portanto. Ele, que um dia escreveu um livro sobre “A ordem jurídica do capitalismo”, tem sido, ao longo dos tempos, um dos mais torrenciais e indefectíveis panegiristas da obra do senhor engenheiro, o tal que tira aos remediados para dar aos banqueiros, ao serviço de quem tem dito dos sindicatos aquilo que Maomé não diria do toucinho. Assim sendo, por que razão foi ele, exactamente ele, que nem sequer é do partido, o escolhido para encabeçar a comitiva oficial dos da rosa à tal manif, onde era suposto que, por ser quem é, não seria bem-vindo, nem recebido com beijos e abraços, antes pelo contrário? Um acto de cortesia? Ora, ora, conte-nos outra, Vitalino Canas... Seria o mesmo que o Salman Rushdie aparecer numa celebração dos Ayatolahs. Ou o Luís Figo voltar a passear pelas Ramblas de Barcelona. Ou a Carolina Salgado tornar a enfileirar num desfile dos Super Dragões, rumo a um jogo no Estádio da Luz. Ou o Francisco Teixeira fazer-se convidado para uma confraternização dos socialistas de Guimarães. Quando apareceu na manif da CGTP, o cabeça de lista do PS sabia ao que ia. Estava, literalmente, a pedi-las. E houve uns ingénuos que lhas deram.

E veio Vitalino à liça, atiçar as almas pudicas contra os bárbaros que acometeram o seu cabeça de lista, falando em ódio e em acto de cobardia. Como bem dizia o meu tio Francelino, quem tem telhados de vidro não atira pedras para o ar. Ou será que o homem já esqueceu os tristes espectáculos, protagonizados por militantes do seu partido, aquando das recepções a Sousa Franco, no mercado de Matosinhos, ou a Francisco Assis, em Felgueiras?

Laranja Com Travo de Rosa

Já me tinham afiançado que a próxima campanha eleitoral dos laranjas locais estaria a ser preparada, ao milímetro, por agentes infiltrados ao serviço do Dr. Magalhães. Não acreditei, claro. Mas agora, ao ver o enigmático cartaz que espalharam pelas entradas da cidade, começo a acreditar.