terça-feira, 19 de maio de 2009

Um País em Forma de Assim

(depois de ouvir as notícias do dia)

Há um país onde a mais alta responsável pelo maior território educativo, que controla, com mão de ferro, quase seis mil escolas e sessenta mil professores, não conhece, cada tiro, cada melro, os mais elementares rudimentos da sintaxe e da ortografia da língua materna.

Há um país onde uma gravação não serve para indiciar um figurão, que por acaso é primeiro-ministro, em matéria putrefacta com ramificações internacionais.

Há um país em que uma gravação encoberta e ilegal é matéria de prova suficiente para abrir um processo disciplinar a uma professora que perde as estribeiras, em equilíbrio instável e à beira de um colapso nervoso.*

Há um país onde um senhor confessa ter invocado, indevidamente, os nomes do primeiro-ministro e do ministro da justiça, mas continua, impávido e sereno como uma lapa, a envergonhar os seus concidadãos, representando-os num alto cargo internacional.

Cá por mim, já sei o que direi quando encontrar por aí um extraterrestre:

-Tira-me daqui, meu.

* Foram céleres em instaurar processo disciplinar à senhora professora que devia estar internada, mas parece que se esqueceram de idêntico procedimento para quem cometeu o ilícito de gravação sem consentimento (art.º 199.º do Código Penal).

Um comentário:

Avisam-se todos os nossos clientes que a tabuleta onde se lê RESERVADO O DIREITO DE ADMISSÃO tem uma função meramente decorativa. Neste café pratica-se a liberdade de expressão, absoluta até certo ponto. Qual ponto? É o que falta saber.