Ontem à noite, impingiram-me uns goles de
pisang ambon, uma mistela esverdeada cujas excelências muito me gabaram. Eu bem dizia que, para mim, verde, só o vinho, desde que seja tinto, mas não tive outro remédio e emborquei um trago daquele xarope. Resultado: atacou-me a figadeira e passei a noite com insónias. As minhas vigílias costumam ser altamente criativas (à falta de que fazer, acabo por desistir de dormir, e ponho-me a pensar e a anotar os pensamentos no meu
moleskine da loja dos chineses). Quando me levantei, transbordava de ideias luminosas, cintilantes e incandescentes (algumas delas chegam a ser, ouso dizê-lo, radiosas), para a Capital Europeia da Cultura que aí vem. Lancei-as de jacto, antes que esvaecessem, para papel de carta e introduzia-as num envelope de correio verde, que comecei a endereçar:
Exmo Senhor
Ministro da Cultura
Mui Ilustre Professor Doutor….
Em chegando a este ponto, deu-se-me um nó. Não sei como se chama o nosso Ministro da Cultura. Tinho ideia de que a senhora que lá estava tinha sido despedida a seu pedido, e recordo-me muito vagamente de que teria sido nomeado para o seu lugar um certo senhor, mas logo constatei que não sei qual seja o seu nome e que nem sequer faço ideia de como seja a sua vera efígie. Confesso que não sou capaz de dizer se é branco ou preto ou vermelho ou amarelo ou às riscas. Pedi a Mr. Google Images que me mostrasse o retrato de Sua Excelência O Ministro da Cultura. Saiu mulato.
Na minha pesquisa (José António de Melo Pinto Ribeiro), porque queria confirmar, apareceu-me a foto do antigo ministro, que até era uma senhora e, clicando na dita foto, eis que aparece a cara do novo ministro. Virtualidades.
ResponderExcluirPS: Também é feio.