Diz o de Guimarães, o artista, que, ao conceber o monumento ao nicolino, pretendeu criar uma “forma simbólica, talvez sugerida pelo esvoaçar da "capa", que faz parte do traje académico”. Confesso que sempre me intrigou o “talvez” estrategicamente arrumado naquela explicação.
A capa do traje dos estudantes vimaranenses é preta. Vermelha é a capa dos toureiros. E, não obstante os trejeitos marialvas das festas nicolinas, não estou a ver qual seja a sua afinidade com touradas, garraiadas e outras manifestações quadrúpedes e afins. Para mim, aquilo era um mistério. Até hoje.
Pela manhãzinha, fui espreitar o monumento de que tanto se fala há tanto tempo. Em chegando ao meio do Campo da Feira, vi dois senhores de provecta idade a olharem para a coisa. Falavam assim:
- Ò Manel, aquilo daqui parece mais um pedaço de carne.
- É mesmo! Aquilo é um bife.
- É, mas é, uma costeleta.*
- Vendo bem, Jirónimo, é mesmo isso: uma bela costeleta, é o que é!
Olhei melhor e esmoreceram-se as dúvidas. Aquele monumento remete para o mais profundo da nossa identidade, com uma dimensão simbólica arrasadora, telúrica, quase sublime: é um tributo à costela de nicolino que há em cada um de nós. Não representa, talvez, uma capa de estudante. É, sem sombra de talvez, uma magnífica costeleta nicolina.
* Aliás: - É mazé uma costoleta.
Com efeito, parece uma costeleta. Há quem diga que tem a forma de n (éne minúsculo). N de Nicolinas ou de Nabo. Não estou a sugerir nenhuma relação entre nabo e o artista que fez aquilo. NÃO ESTOU!! Acho que está muito bem assim, apenas porque poderia ser muito pior, dado que o projecto inicial era uma costeleta de 15 metros de altura em vez dos 5 que constam no resultado final.
ResponderExcluirAntes da inauguração, a capa preta que cobria o "monumento", fazia lembrar mesmo a capa traçada do traje nicolino. E se a tivessem deixado estar?
Se calhar, teria sido pedir de mais...
Olá! também comentei sobre este assunto no meu blog "AS DUAS CARAS"! asduascaras.blogspot.com (estou a começar! :D) De facto se pensarmos bem... o mesmo mal já tinha acontecido com a estátua do Cuteleiro que esta na praça João Franco! E o que o pessoal não falou na altura! É sempre bom saber que não somos ouvidos pela nossa Excelentíssima Câmara Municipal! Mais um mamarracho como lhe ouvi chamar!!
ResponderExcluir"PI" ! Descobri a relação entre este estranho "monumento" e os Nicolinos (estudantes) na sua génese.A matemática dava-nos cabo da cabeça,e bem podemos dar voltas a ela para associar este "monumento" aos nicolinos...só se for um problema matemático"PI"-relação entre a circunferência e o seu raio (que o par...)
ResponderExcluirPorque não deram voz à criatividade de jovens arquitectos VIMARANENSES?
M.LU Borga
O que oh eu ri, és muito fecundativo caro Aldo, essa tua incontinência para a provocação começa a ganhar aqui e também ali, substância de lenda, e ainda estás vivo. Mas, depois de arrasares a tiro de zargalote o que vês entre os cornos, deixas, como é o caso, o terreno aberto ao apupo d’imbecis, a lembrar a cena do Almada “Tu arreganhas os dentes quando te falam d'Orpheu
ResponderExcluire pões-te a rir, como os pretos, sem saber porquê.” E este tu não és tu nem tampouco os voluntariosos opinadores antecedentes, mas sim aquele irracionalismo marialva e preguiçoso que decorre do conforto da ignorância. Eu não curto a onda Pop do de Guimarães, mas também às Nicolinas – essa coisa que não existe e que hoje não é mais que uma excrescência da molécula vimaranensis (composta por um átomo de Vitória olé outro de colina sagrada e outro de coisíssima nenhuma) – que porra se poderia erguer: um rojão, um vomitado de vinho tinto marado ou um jovem garboso rufando o tambor, para isso é melhor lá deixar o chuletón.
Pio Nine, prostituto do Castelo.
Ora viva, Pio Nine, por quem és, eu não sou dado à provocação, e menos ainda à incontinência, apenas escrevo o que me sai da ponta dos dedos, que exercem funções em regime autogestionário puro, ignorando por completo a mioleira, e isso dos apupos dos imbecis ou dos ignorantes, nada lhes diz, porque nada lhes chega aos ouvidos, que não os têm, mas o que eu queria mesmo saber é se tens tido notícia desse teu cliente tão certo que até tem direito a crédito, a descontos e a pagamentos aos soluços, o dos Leitões.
ResponderExcluirCaro Aldo Nim. Não concordo. Em matéria de arte, provavelmente percebo tanto como tu: perto de zero, mas, como diziam e bem os Monty Python: posso não perceber nada de arte, mas sei do que gosto!
ResponderExcluirE gosto deste e muitos outros trabalhos do José de Guimarães. E não acho cretinos os que não gostam. Nem sequer acho burros os que só apreciam arte figurativa. Com a maior das sinceridades, para mim, quem percebe menos ainda de arte são os atrasados mentais (não tenho dúvidas nenhumas) do IPPAR. É que o projecto original, com 12m, ao contrário deste, não conflituava com o espaço envolvente. Isso já perceberam há anos, países em que se percebe de arte a sério, como a França e a Itália, nos quais se podem encontrar inúmeros exemplos do que digo. Se a escultura (lembre ela o que lembrar a cada um de nós) tivesse 12m de altura (e, claro, as demais medidas em proporção), ao vê-la impressionava de outra forma e, ao passar ali, não se dava por ela. Ou seja, estava menos ou em conflito nenhum com o monumento que quiseram preservar. Assim dá-se por ela, de qualquer das formas e, com estas dimensões, não parece nada de muito interessante. perdeu boa parte da sua identidade. Tenho pena da mesquinhez do IPPAR, tenho pena que Guimarães não tenha mais arte urbana e menos calhau liso e tenho pena, ainda, de quem confunde um arquitecto com um escultor. São os mesmos, geralmente, que confundem arquitectos com designers ou pintores.
Os arquitectos, meus senhores, se quisessem produzir artes plásticas, podiam ter cursado as belas-artes. Assim...remetam-se, por favor, ao seu nicho de expressão artística e, pelo amor de Deus, viajem e estudem um bocado antes de o fazer, para não surgirem mais "Templos de Azurém" e arranjos urbanísticos sem sabor.
Ò meu caro MdS, lá estás tu com essa velha técnica de refutação da opinião alheia, colocando na boca da alheia pessoa palavras que ela não disse.
ResponderExcluirEu não disse que não gosto. Eu gosto!
E não chamei cretino, nem burro, nem atrasado mental a ninguém.
Agora, lá que tenho algumas dúvidas em relação ao enquadramento da obra, lá isso tenho. Assim como ficou, parece-me algo desajustada. Com os tais 12m originais sempre tinha outra majestade, mais consonante com os pergaminhos nicolinos, mas tenho dúvidas de que coubesse naquele sítio. E menos caberia se tivesse o tamanho da ideia original que, segundo ouvi dizer no dia da inauguração a alguém que o terá ouvido ao próprio de Guimarães, e que eu passo a vender tal como ouvi: 16m. Do tamanho de um prédio de 5 andares, não sei se estás a topar as proporções da coisa. Não era, seguramente, obra para aquele recanto, por não caber, a não ser que atravessasse a rua (o que até poderia ser uma boa ideia: Guimarães ficava com o monumento nicolino e ganhava, como brinde, o tão sonhado Arco do Triunfo, ainda por cima vermelho).
Eu apenas dei conta da minha incompreensão em relação à interpretação da obra que fala numa pretensa capa nicolina esvoaçante, que ninguém descortina. No que toca à arte abstracta, acho preferível não se entrar em grandes elocubrações interpretativas. Queríamos um monumento nicolino? Cá está ele. O que é aquilo? É o monumento ao nicolino. O que representa: nada, a não ser a si próprio e o mais que cada um lá queira ver.
Eu não disse que não gosto. Eu gosto! Gosto muito de costeletas, sejam elas de porco ou de vitela, embora confesse que tenho grande benquerença a costeletas de borrego à ribatejana.
Ó meu querido, não disse eu, também em lado nenhum, que chamaste cretino ou burro a quem quer que seja. Disse é que nem eu o fazia.
ResponderExcluirSó vim manifestar que gosto, sinceramente da escultura em causa e que, no meu humilde entender, ficava bem melhor na versão idealizada e que entendo (não só por isto, mas por inúmeras provas dadas de há vários anos, que, no IPPAR, há atrasados mentais: pessoas que mentalmente ainda estão no dealbar do séc. XX, com um atraso de mais de cem anos, portanto).
Por outro lado, não disse, mas digo agora que, por acaso, o objecto em causa, até me faz lembrar o movimento da capa no acto de a traçar (quando está sobreposta ao ombro esquerdo - para mim que sou destro - e se pega nos dois terços direitos, com mão do respectivo lado, a fim de a atirar sobre o ombro canhoto).É difícil traduzi-lo em palavras, mas um destes dias, vou pedir a alguém que sirva de modelo e ilustro o porquê de assim o ver, com umas fotos. Quanto à cor, é uma escolha pessoal do artista, mas sempre foi símbolo de paixão e é assim que a vejo.
Claro que em arte contemporânea e de carácter eminentemente abstraccionista, se corre sempre o risco de haver quem veja lá outra tralha qualquer, mas isso também faz parte do encanto da expressão.